Levantar
âncoras
Chantagista. Cameron pode ter
errado a mão: a aposta é bem
perigosa. Foto: Justin Tallis/AFP
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Começou como uma tentativa de
chantagear Bruxelas para impedir a Zona do Euro de adotar normas financeiras e
um pacto fiscal que ameaçam interesses britânicos. Quando a oposição de David
Cameron foi ignorada, a ala eurocética do seu partido animou-se e a ideia de
sair da União Europeia, popular à direita nesta época de crise, ganhou vida
própria. Agora o primeiro-ministro acena com uma proposta de “repatriação de
poderes” e um plebiscito sobre “termos revisados de adesão”, a ser celebrado
após as eleições de 2015.
Seu
governo quer escolher quais políticas e regulamentos europeus lhe convêm e
quais não, mas os líderes continentais, certos ou errados, julgam uma maior
centralização necessária para salvar o euro e não estão dispostos a rever o
Tratado de Lisboa só para agradar a Londres. Por mais que lamentem a sua perda,
poderão oferecer a porta de saída como cortesia da casa e forçar Cameron a ir
mais longe do que pretendia.
A
discussão repercute do outro lado do Atlântico. Por meio de Phil Gordon,
subsecretário de Estado para a Europa, Obama fez saber que acha o referendo uma
péssima ideia e quer Londres na União Europeia. Já o ex-embaixador de Bush
júnior na ONU, John Bolton, escreveu no jornal Times, do Grupo Murdoch,
para exortar Cameron a “ignorar Obama” e abandonar o “navio que está adernando”
da União Europeia “cada vez mais esclerosada”. Em vez de afirmar independência,
Londres pode se descobrir mais dependente do que imaginava. (Carta Capital)
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