O procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, confirmou que vai remeter as acusações do empresário Marcos
Valério Fernandes de Souza contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a
setores do Ministério Público que atuam na Justiça de primeira instância.
Segundo Gurgel, o envio do caso deve ocorrer nos próximos dias. As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo.
"Acredito que isso será feito
nos próximos dias", afirmou Gurgel, referindo-se ao despacho das acusações
à primeira instância. "Estou apenas concluindo a análise para que possa
efetivamente verificar se não há qualquer pessoa com prerrogativa de foro
envolvida e, em não havendo, como o ex-presidente já não detém essa
prerrogativa de foro, a hipótese será de envio à Procuradoria da República em
primeiro grau."
Como ex-presidente, Lula não tem a
prerrogativa de foro que deixaria, automaticamente, o caso com a
Procuradoria-Geral da República. No Brasil, autoridades têm direito a esse
benefício — presidente, vice, senadores e ...
deputados, por exemplo — e só podem
ser denunciadas pelo procurador-geral e julgadas pelo Supremo Tribunal Federal.
Em depoimento prestado em 24 de
setembro do ano passado, poucos dias depois de ser condenado pelo Supremo por
operar o mensalão, Valério afirmou que parte do dinheiro do escândalo foi usado
para pagar despesas pessoais de Lula. Ele disse à Procuradoria-Geral que cerca
de R$ 100 mil foram depositados na conta de uma empresa de segurança de Freud
Godoy, espécie de faz tudo de Lula nos primeiros anos de seu primeiro mandato,
a partir de 2003.
A CPI dos Correios, que investigou o
mensalão em 2005, de fato detectou um pagamento de Valério à Caso, empresa de
Freud Godoy. O ex-auxiliar de Lula afirma que o dinheiro se refere a um serviço
prestado pela Caso ao PT, durante as festas de comemoração da eleição de Lula.
Quando Valério prestou o depoimento,
o Supremo ainda não havia concluído o julgamento do mensalão, que condenou 25
pessoas. Entre elas, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e a antiga
cúpula do PT por, segundo os ministros da corte, comprar apoio do Congresso
Nacional utilizando dinheiro desviado de órgãos públicos ou obtido por
empréstimos bancários fraudulentos.
Valério acabou sentenciado a mais de
40 anos de prisão. Ao prestar o depoimento, ele pediu à Procuradoria-Geral
proteção, pois dizia estar sendo ameaçado de morte por petistas. Ele apontou
diretamente para o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, que nega
qualquer ameaça. Lula classificou as acusações como mentirosas. A presidente
Dilma também saiu em sua defesa.
Além da proteção, Valério também
tenta reduzir a pena por meio do dispositivo da delação premiada. Integrantes
da Procuradoria-Geral, porém, veem com cautela as acusações contra Lula.
Uma vez remetido para setores que
atuam na primeira instância, o depoimento de Valério será analisado por
procuradores. As partes serão ouvidas preliminarmente e, depois, disso, o
Ministério Público decide se dá ou não sequência ao caso abrindo um inquérito
formal.
Revista Consultor Jurídico
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