Sem acordo à vista nos Estados Unidos,
parlamentares democratas e republicanos mergulharam ontem no jogo de culpar uns
aos outros pela provável queda do país no abismo fiscal. O termo refere-se a
medidas automáticas que entrarão em vigor em 1.º de janeiro, com potencial
risco de desencadear uma nova recessão. O desembarque em Washington do
presidente Barack Obama pouco alterou o ambiente polarizado e de acusações
recíprocas no Congresso.
O prazo para alcançar um acordo e evitar o
abismo fiscal termina em 31 de dezembro. Em discurso no plenário, o senador
Harry Reid, líder democrata na Casa e principal aliado de Obama no Congresso,
afirmou não ver sinais de consenso. Reid culpou o principal negociador
republicano, John Boehner, presidente da Câmara dos Deputados, por não ter
convocado os parlamentares de seu partido a retornar a Washington ontem para
retomar as conversas. O senador Mitch McConnell, líder da bancada republicana
na Casa, reforçou a crítica a Boehner ao ironizar o fato de ter sido chamado
por Obama, um democrata, para as negociações. O presidente conversara com os
principais parlamentares dos dois partidos na última quarta-feira.
O senador democrata foi além. Chamou
Boehner de "ditador" e o culpou por ter fracassado em sua intenção de
votar uma proposta de acordo na sexta-feira. O objetivo foi boicotado pela
facção radical do partido, o Tea Party. Por fim, Reid acusou o republicano de
estar mais preocupado com sua reeleição para a presidência da Câmara, em 3 de
janeiro, do que com o acordo para evitar o abismo fiscal.
"John Boehner parece cuidar mais de
sua preservação como presidente da Câmara do que em manter o país em uma firme
caminhada fiscal", declarou Reid. "O senador Reid deveria falar menos
e legislar mais. A Câmara já passou uma legislação para evitar todo o abismo
fiscal. O Senado democrata não fez o mesmo", rebateu o porta-voz de
Boehner, Michael Steel, referindo-se a um projeto considerado inaceitável pela
Casa Branca.
O clima no Congresso está deteriorado.
Contra o relógio, Obama mantém sua mais recente proposta de um acordo fiscal de
curto prazo, com medidas apenas para 2013, como meio de evitar os cortes
draconianos de gastos públicos e o fim de todos os benefícios fiscais vigentes
desde 2006. Mas ele ainda não cedeu em sua exigência da eliminação da redução
de Imposto de Renda aos americanos com ganhos anuais acima de US$ 400 mil.
A iniciativa postergaria, mais uma vez, a
conclusão de um plano de longo prazo de redução da dívida federal americana,
hoje em US$ 16,2 trilhões. Os republicanos também querem uma solução de curto
prazo. Mas com conteúdo diferente. Propõem uma rápida prorrogação, por mais um
ano, de todos os benefícios fiscais adotados em 2006. A medida favoreceria a
fatia dos 2% de americanos mais ricos - o nó górdio de toda a discussão.
Via O Estado de S.Paulo
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