terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Brasil e Bolívia apresentam ações para combate ao narcotráfico


Os governos do Brasil e da Bolívia apresentaram ontem (17) um conjunto de ações para combater o narcotráfico. As iniciativas dizem respeito a cooperação entre os dois países  voltadas para o desenvolvimento de operações conjuntas de inteligência, monitoramento de fronteiras, formação policial e combate à lavagem de dinheiro.


Acompanhado do ministro de Governo da Bolívia, Carlos Romero, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo disse que há um interesse comum entre Brasil e Bolívia de fiscalizar as  fronteiras dos dois países e de ações de enfrentamento da narcotráfico.

“Há uma compreensão comum dos dois países sobre a importância de aumentar a fiscalização nas fronteiras, de trocar informações na área de inteligência e de coordenar as ações policiais na região”, diz Cardozo.

O anúncio foi feito após Romero conhecer a estrutura da Polícia Federal e do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta). “É importante para o nosso país [conhecer] a tecnologia e os instrumentos de perícia do Brasil. Projetamos ações de apoio técnico e de monitoramento do espaço aéreo, sobretudo porque temos zonas vulneráveis a voos irregulares procedentes do Peru e que se dirigem ao Brasil, através da Bolívia”, disse Romero, referindo-se à utilização de veículos aéreos não tripulados (Vant) brasileiros no monitoramento de regiões do espaço aéreo boliviano.

O Vant é controlado por uma equipe em terra e é equipado com potentes câmeras que são capazes de fotografar e filmar ações humanas, inclusive detectar pessoas no escuro. O objetivo é que os veículos aéreos não tripulados da Polícia Federal possam sobrevoar o território boliviano fornecendo imagens para se fazer o enfrentamento do crime organizado na própria Bolívia.

Além do monitoramento do espaço aéreo boliviano, os ministros anunciaram cooperação técnica na área pericial. De acordo com Cardozo, a proposta é apoiar a atividade pericial na Bolívia, para identificar a origem das plantas usadas para produzir cocaína e combater o narcotráfico na sua origem.
“O Brasil tem laboratórios e uma tecnologia na área pericial bastante desenvolvida. O governo boliviano tem bastante interesse que os seus peritos tenham essa capacitação para que possamos identificar a origem da droga na Bolívia,” disse Romero.

Os dois países também irão cooperar no combate à lavagem de dinheiro e no confisco dos bens das organizações criminosas em favor do Estado, tema atualmente em discussão na Bolívia. “Decidimos estreitar relações na questão da legislação. Muitos pontos da legislação brasileira podem ser adotadas por outros países. Assim como também podemos adotar boas práticas desenvolvidas por esses países e em outros lugares do mundo,” disse Cardozo.

As ações fazem parte de um acordo de cooperação firmado entre Brasil, Bolívia e Peru, no final de novembro, na capital do Peru, Lima. Na ocasião foi decida a criação de um grupo de trabalho para debater o monitoramento das fronteiras dos três países. O Brasil tem quase 6,5 mil quilômetros (km) de fronteiras com os dois países. São 3.462 km com a Bolívia e 2.995 km com o Peru.

“Este grupo de trabalho tem um prazo de 60 dias para concluir os seus estudos. Vamos propor uma reunião em La Paz para aprofundar este trabalho em relação ao controle de fronteiras,” disse Cardozo, que anunciou um seminário sobre a temática, em janeiro. 

Veículo aéreo não tripulado representa avanço para operações policiais na fronteira, diz Cardozo

A Polícia Federal fez hoje (10) a apresentação pública do Veículo aéreo não tripulado (Vant) em São Miguel do Iguaçu, no Paraná, na região da Tríplice Fronteira, entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai. De acordo com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o Vant representa um grande avanço para as operações policiais de combate ao crime na fronteira.

A aeronave apresentada hoje foi testada em setembro e os voos operacionais começaram em outubro. Segundo Cardozo, o segundo Vant foi adquirido e chegara à base paranaense nos próximos dias. “É uma inovação fantástica, especialmente quando se trata da região de fronteiras e das políticas de segurança pública”.

Os Vants podem voar por 37 horas ininterruptas, cobrindo uma área superior a mil quilômetros quadrados. O custo de hora-voo do Vant é US$ 400. Segundo o Ministério da Justiça, esse valor não chega a 8% do custo de uma aeronave de grande porte que executa o mesmo serviço.

O aparelho pode fotografar e filmar pessoas ou objetos com câmeras de alta resolução, que repassam informações à equipe de terra, com poder de captar imagens em infravermelho, permitindo detectar pessoas no escuro ou escondidas sob árvores.

De acordo com o ministro, o Brasil está se apropriando da tecnologia para fabricar os Vants. O objetivo, segundo Cardozo, é ter 14 veículos até 2014.

Os investimentos do Projeto Vant, que envolvem o uso de tecnologia de ponta, capacitação, aquisição de bases aéreas e de comandos de controle, alcançarão R$ 600 milhões até 2014. “Temos um custo de cerca de US$ 50 milhões para cada equipamento e sistema. Esse custo é relativamente pequeno ao benefício que se tem”.

Segundo Cardozo, países vizinhos querem usar o equipamento conjuntamente para desenvolver políticas integradas de combate ao crime. (Agência Brasil)

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