O CDH, com sede em Genebra, conta
com 47 cadeiras, das quais 18 foram renovadas na votação
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, faz um anúncio em Caraca em 13 de outubro: Organizações como a Human Rights Fundation e a UN Watch criticaram a entrada de Venezuela |
Nações Unidas - A Venezuela conseguiu
nesta segunda-feira o respaldo majoritário da Assembleia Geral das Nações
Unidas para entrar no Conselho de Direitos Humanos (CDH), apesar das críticas
de organizações internacionais, em uma eleição na qual também foram escolhidos
Brasil e Argentina pela América Latina, para o lugar de Cuba, México e Uruguai.
''É uma vitória arrasadora e sem
precedentes da revolução bolivariana que demonstra o apoio da comunidade
internacional a nossas políticas e que põe em evidência que na Venezuela estão
sendo cumpridos de maneira escrupulosa os direitos fundamentais'', disse à
Agência Efe o embaixador venezuelano, Jorge Valero.
A votação foi ''lamentável e
terrível'' para os direitos humanos, comentou à Efe o presidente da Human
Rights Foundation, Thor Halvorssen, prevendo que os representantes da Venezuela
se dedicarão a bloquear com ''procedimentos técnicos e artimanhas'' qualquer
tentativa de denunciar violações ''em seu país ou de seus aliados''.
O CDH, com sede em Genebra, conta
com 47 cadeiras, das quais 18 foram renovadas na votação de hoje, que foram
ocupadas por Brasil, Venezuela, Alemanha, Argentina, Coreia, Costa do Marfim,
Emirados Árabes, Estônia, Etiópia, Gabão, Irlanda, Japão, Cazaquistão, Quênia,
Montenegro, Paquistão, Serra Leoa e Estados Unidos, este último reeleito para
um segundo mandato de três anos.
Organizações como a Human Rights
Fundation e a UN Watch criticaram a entrada de Venezuela, Costa do Marfim,
Emirados Árabes, Etiópia, Gabão, Cazaquistão e Paquistão.
O embaixador venezuelano assegurou à
Efe que seu governo não se preocupa com a opinião de organizações que, segundo
disse, ''são instrumentos de potências estrangeiras que financiam a subversão''
em seu país, por trás das quais, acrescentou, há pessoas que ''não têm
credenciais democráticas''.
''A Venezuela não se prestará jamais
a que os direitos humanos sejam usados como pretexto para deslegitimar países
soberanos'', ressaltou o diplomata, defendendo o fim de uma ''visão
reducionista'' das garantias fundamentais que deixa em um segundo plano os
direitos econômicos, sociais e culturais frente aos civis.
Para Halvorssen, a votação prejudica
a credibilidade do Conselho, pois abriu as portas a países com um histórico
que, segundo sua opinião, ''deixa muito a desejar''.
''Como é possível? Não é uma questão
do norte ou sul. Aqui se debate entre o que está certo e o que está errado,
entre direitos humanos e violadores de direitos humanos'', declarou Halvorssen,
para quem a única coisa que resta a fazer é ''seguir expondo'' à opinião pública
os países que violam os direitos humanos.
Pela Ásia, Japão, Coreia do Sul,
Emirados Árabes, Cazaquistão e Paquistão substituirão Arábia Saudita,
Bangladesh, China, Jordânia e Quirguistão; pelo Leste Europeu, Estônia e
Montenegro sucederão Hungria e Rússia; e, pela África, Costa do Marfim,
Etiópia, Gabão, Quênia e Serra Leoa entraram no lugar de Camarões, Djibuti,
Mauritânia, Mauricio e Nigéria.
Por parte do bloco de países
ocidentais, os EUA conseguiram manter seu posto no Conselho de Direitos
Humanos, enquanto Bélgica e Noruega serão substituídos por Alemanha e Irlanda,
após uma votação na qual ficaram de fora a Grécia e a Suécia.
Os EUA, através de sua secretária de
Estado, Hillary Clinton, agradeceram o apoio que permitiu que seu país
permaneça mais três anos no Conselho, após o que qualificou como uma disputa
''muito concorrida'' com outros países ocidentais que são ''todos campeões de
direitos humanos''.
Em comunicado, a chefe da diplomacia
americana destacou que a Casa Branca seguirá trabalhando com a comunidade
internacional para enfrentar as preocupações ''urgentes e sérias'' em matéria
de direitos humanos no mundo, ''fortalecer'' o Conselho e equilibrar a
''desproporcional'' fixação desse organismo com Israel.
O Conselho de Direitos Humanos foi
criado no dia 15 de março de 2006 pela Assembleia Geral para substituir a
Comissão de Direitos Humanos, suprimida após 60 anos de trabalhos pela crise de
legitimidade na qual tinha caído por decisões vistas como parciais, politizadas
e desequilibradas.
Trata-se de um órgão
intergovernamental da ONU responsável de fortalecer a promoção e proteção dos
direitos humanos no mundo, entre cujas obrigações está realizar um exame
periódico universal em cada um dos países-membros da ONU e celebrar sessões
ordinárias e extraordinárias sobre temas concretos.
Por Emilio López Romero Via EXAME
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