segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Eletrobras despenca na bolsa por acordo com governo


Eletrobras: a ação mais odiada bolsa
Analistas quase desistem dos papéis e banco diz que ação vale 1 real

O Barclays reduziu o preço-alvo às ações da Eletrobras em 97%, para 1 real

Do chão não passa. Essa é a única certeza que parecem ter os acionistas e analistas sobre o futuro da Eletrobras. Os investidores estão perplexos com o desempenho recente da estatal de energia elétrica na Bovespa. Só em novembro os papéis preferenciais de classe B (ELET6) já acumulam uma queda de 35%. Na mínima de hoje, os ativos eram negociados a 10,37 reais. Esse é o valor mais baixo desde maio de 2003.

Poucas vezes se soube tão bem o número de uma Medida Provisória, como a 579. O texto trata das novas regras para as concessões no setor. Segundo o documento, cada empresa precisa manifestar a intenção de adotar as novas regras com preços mais baixos para garantir a renovação e receber uma indenização. A outra saída é indicar a manutenção das condições atuais até o final da concessão. Aí, porém, não terá a renovação garantida. 

Com o controle estatal, a Eletrobras já manifestou a sua intenção em prosseguir com as concessões nos novos termos para não melar de vez o plano do governo Dilma Rousseff em reduzir as tarifas, na média, em 20%. Outras companhias, como a Cemig, peitaram o governo e já falam em entrar na Justiça caso não haja uma negociação dos termos. O Senado Federal tem até 18 de dezembro para votar a MP.

O problema é que a indenização proposta pelo governo federal ficou aquém das expectativas. Enquanto o mercado aguardava algo em torno de 30 bilhões de reais, o valor a ser pago será de 13,9 bilhões de reais. A companhia divulgou na sexta-feira um estudo sobre os impactos da nova realidade. As perdas esperadas em receitas chegam a 8,7 bilhões de reais, além de uma baixa contábil de ativos de aproximadamente 17 bilhões de reais.


“O fato é que os termos propostos não são satisfatórios para garantir a saúde financeira e capacidade de investimentos da empresa, ou mesmo a continuidade na remuneração aos acionistas”, afirma a analista Karina Freitas, da Concórdia Corretora.

A Eletrobras já admite corte de custos para se adequar à queda brusca na geração de caixa, o que também irá resultar na renegociação dos termos dos títulos de dívida em circulação no mercado.

Ações
Não há um analista otimista com o futuro da empresa na bolsa, mas o mais pessimista provavelmente está no Barclays.

Em um relatório enviado para clientes nesta segunda-feira, os analistas Francisco Navarrete, Tatiane Shibata e Giovanna Siracusa reduziram o preço-alvo aos papéis ordinários e preferenciais de 29 reais e 20 reais para apenas 1 real para 12 meses. Os cortes representam uma baixa de 97% e 95%, respectivamente.

“Devido à queda das receitas, o nosso alvo depende muito dos esforços de cortes nos custos. A Eletrobras mira 20% de redução até 2018, mas projetamos apenas 15% devido ao fraco histórico em conter os gastos”, ressaltam na análise. 

Com o caixa apertado, o mercado espera ainda a realização de uma oferta de ações para arrecadar entre 8 a 10 bilhões de reais para capitalizar a companhia. O resultado será a diluição de 36% de participação para os atuais acionistas.

E com o corte de custos no item 1 do plano da empresa não há mais como esperar o pagamento de dividendos. Para Marcos Severine, do Itaú BBA, está claro que “não haverá dividendos no curto e no médio-prazo”. Em um relatório, Severine reduziu o preço-alvo às ações ordinárias e preferenciais para 8 reais, de 13 e 17,50, respectivamente.

Gabriel Salas, do JPMorgan, resumiu a visão do mercado em relação ao que está acontecendo com a empresa: “A Eletrobras enfrenta uma bifurcação na estrada, na qual deve decidir se vai ser uma empresa que maximize o lucro ou se será um ministério com ações”, disse em uma entrevista à Bloomberg.

A empresa convocou os acionistas para deliberar sobre o assunto no próximo dia 3 de dezembro, um dia antes da data final de apresentação das propostas para o governo. Não há expectativa de um resultado diferente. O representante dos minoritários no Conselho de Administração renunciou ao cargo na semana passada.

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