Executivos brasileiros em cargos seniores de gerência já ganham, em média, 5% a mais do que seus pares americanos, em um cenário de expansão de salários em mercados emergentes, aponta estudo divulgado nesta quinta-feira.
Segundo o levantamento da consultoria Hay Group, entre 2001 e 2011, salários em cargos nesse nível (com bônus incluídos) aumentaram 2,8 vezes no Brasil, 3,5 vezes na China e três vezes na Indonésia.
Em comparação, no mesmo período esses salários cresceram 1,4 nos Estados Unidos, 1,7 na Grã-Bretanha e duplicaram na Europa Ocidental.
“Um grande fator nessa equação é o fluxo de investimentos de corporações globais em mercados emergentes, tentando se aproveitar de custos menores de produção e um mercado de consumo crescente”, aponta o comunicado do Hay Group.
“Como resultado, cresce (o esforço) para atrair e reter talentos-chave em mercados emergentes – especialmente considerando que (esses talentos) são limitados.”
Essa “limitação” se refere à falta de mão de obra especializada suficiente para suprir a demanda por executivos seniores em países emergentes. Outro fator importante para o alto nível salarial é o aumento do custo de vida em cidades que têm atraído investimentos, como São Paulo e Rio.
No caso do Brasil, existe, ainda, a dificuldade burocrática de atrair executivos estrangeiros para trabalhar aqui.
Salários crescentes
No Brasil, diz o Hay Group, os salários em alto nível gerencial eram, em média, de US$ 57,8 mil/ano em 2001, o que equivalia a cerca de metade do valor pago a executivos do mesmo nível nos Estados Unidos (US$ 112 mil/ano).
Hoje, porém, estão em média 5% maiores no Brasil (US$ 162,6 mil/ano, em média, em comparação com US$ 154,8 mil/ano nos Estados Unidos).
Outras consultorias de RH consultadas pela BBC Brasil observam tendências semelhantes.
“Percebemos isso claramente de dois anos para cá”, afirma à BBC Brasil Marcelo de Lucca, da consultoria Michael Page. “Em alguns casos, executivos aqui no Brasil estão ganhando mais do que seus chefes no exterior.”
“É desproporcional, e é difícil lidar com isso dentro das empresas, mas, se elas querem se posicionar no mercado, precisam desse executivo.”
Em alguns casos, diz De Lucca, algumas empresas preferiram adiar a contratação ou enviar um estrangeiro para o cargo, “mas isso é exceção: em geral, elas preferem ter um brasileiro à frente (das operações no Brasil).”
O brasileiro Caio M., 39 anos, ilustra essa demanda por executivos brasileiros. Após dez anos trabalhando no exterior, na Europa e na Ásia, ele deixará o posto de diretor-financeiro global de uma empresa europeia para ser, a partir de janeiro, vice-presidente de relações com investidores de uma empresa brasileira.
Ganhará cerca de 40% a mais – talvez esse percentual chegue a 50%, se considerada a remuneração variável.
“Aqui (na Europa) há uma limitação de carreira, estou no máximo que poderia ter atingido. No Brasil, a possibilidade de evolução de carreira é maior”, diz à BBC Brasil. “Além disso, o networking no Brasil é mais simples. Aqui, as redes já estão formadas há muito tempo, é mais difícil entrar.”
Multinacionais ‘surpresas’
De acordo com o levantamento do Hay Group, a China foi o país onde a remuneração de executivos mais aumentou proporcionalmente nos últimos dez anos: 247%, passando de US$ 35,6 mil/ano a US$ 123 mil/ano.
Outros países emergentes como Turquia, Emirados Árabes e África do Sul também têm pago salários mais altos a seus executivos.
Na África do Sul, os salários dos executivos equivaliam, em 2001, a 40% de seus pares americanos. Em 2011, porém, já eram praticamente iguais.
Para Nick Boulter, diretor-geral global do Hay Group, multinacionais estabelecidas já se acostumaram à alta salarial de seus executivos em países emergentes, mas “novas empresas globais estão surpresas” com os custos.
“Mas acho que a tendência é que em breve esses salários em nível gerencial sejam parecidos globalmente”, opina Boulter à BBC Brasil. “Acho que se criará um padrão global, e a variação será o custo de vida em determinadas cidades.”
A pesquisa do Hay Group avaliou executivos nacionais (brasileiros no Brasil e americanos nos Estados Unidos, por exemplo), com base em dados de 14 milhões de empregados em 20 mil empresas globais.
(Do UOL)
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