segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SP: ex-governador, Lembo diz que tempo de Serra já passou


Após vencer no primeiro turno, Serra foi derrotado por Haddad com mais de 600 mil votos de diferença
Foto: Léo Pinheiro/Terra
O ex-governador paulista Claudio Lembo (PSD) avalia que o tempo de José Serra (PSDB) "já passou" e que o próprio candidato foi culpado pela derrota para o petista Fernando Haddad na disputa pela Prefeitura de São Paulo neste domingo. "O candidato não mostrou aquilo que é fundamental numa eleição: simpatia, sorriso, capacidade de captar a vontade popular e, acima de tudo, foi excessivamente agressivo. Isso é mal. O brasileiro não gosta de agressividade", diz.
"Os tucanos vão preservar espaço pra ele, porém ele sofreu uma avaria muito grande", diz. Claudio Lembo assumiu o governo do Estado de São Paulo em março de 2006, depois que Geraldo Alckmin (PSDB) renunciou para concorrer à presidência. Ele acredita que o PSD, seu atual partido, pode "dialogar" com o prefeito eleito. Enquanto as alianças eram formadas, o PT chegou a flertar com o PSD, criado pelo prefeito Gilberto Kassab, mas a coligação não vingou.

Mais cauteloso, o vice-presidente do PSDB Alberto Goldman evitou críticas ao desempenho de Serra. Ele afirmou que a vitória de Haddad foi "indiscutível", apesar da "votação bastante expressiva" conquistada pelo PSDB. "Temos de repensar, fazer o máximo possível para trazer novos quadros para o partido e misturar com os experientes", disse, emendando uma comemoração pelo desempenho dos candidatos tucanos e coligados nas regiões Norte e Nordeste.

"Dentro das condições que nós trabalhamos aqui - com um enfrentamento muito pesado com o ex-presidente Lula e com a presidente Dilma Rousseff entrando pesado na campanha - nosso resultado foi positivo", avalia o ex-governador de São Paulo, que assumiu o cargo em abril de 2010, após Serra renunciar para concorrer à presidência.

Ao desejar sorte ao prefeito eleito na noite deste domingo, José Serra disse que sai "revigorado" dessa eleição. Não é o que pensa o cientista político Marco Aurélio Nogueira. Para o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o tucano terá "muita dificuldade para se reinserir no novo quadro que deve abrir dentro do PSDB". Nogueira lembra que em 2010, após perder para a atual presidente Dilma Rousseff (PT), Serra teve esse problema e encontrou resistência interna na escolha do candidato à Prefeitura este ano.

No entanto, Nogueira é cauteloso quanto à afirmação da militância petista de que essa derrota significa o "sepultamento" da carreira política de Serra. "A gente nunca pode enterrar os políticos antes da morte física. E mesmo depois, eles seguem vivos no plano simbólico. No entanto, acredito que esse golpe foi muito pesado na trajetória do Serra, levando em conta que ele não é uma pessoa jovem. Ele não tem mais muita energia e vitalidade para recuperar essa derrota", diz.

Para o professor, na campanha do PSDB em São Paulo "faltou muita coisa". Ele argumenta que, apesar da alta taxa de rejeição, Serra poderia ter sido um bom candidato. "Foi uma campanha de muito má qualidade do ponto de vista político e democrático e que não conseguiu se contrapor à campanha do PT, que também não foi extraordinária, mas que acabou se beneficiando muito dessa insistência na mudança, no fato novo, na rejeição do Serra", diz.

Oposição
O vice-presidente do PSDB Alberto Goldman garante que o partido adotará uma postura de cobrança frente ao novo governo municipal. "Vamos cobrar do novo prefeito Haddad que cumpra todas aquelas fantasias que ele apresentou no processo eleitoral", afirma. "Ele vai ter muita dificuldade de por em pé todas aquelas coisas que ele apresentou", diz Goldman.


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