Após vencer no primeiro turno, Serra foi derrotado por Haddad com mais de 600 mil votos de diferença Foto: Léo Pinheiro/Terra |
O
ex-governador paulista Claudio Lembo (PSD) avalia que o tempo de José
Serra (PSDB) "já passou" e que o próprio candidato foi
culpado pela derrota para o petista Fernando Haddad na disputa pela
Prefeitura de São Paulo neste domingo. "O candidato não
mostrou aquilo que é fundamental numa eleição: simpatia, sorriso,
capacidade de captar a vontade popular e, acima de tudo, foi
excessivamente agressivo. Isso é mal. O brasileiro não gosta de
agressividade", diz.
"Os
tucanos vão preservar espaço pra ele, porém ele sofreu uma avaria
muito grande", diz. Claudio Lembo assumiu o governo do Estado de
São Paulo em março de 2006, depois que Geraldo Alckmin (PSDB)
renunciou para concorrer à presidência. Ele acredita que o PSD, seu
atual partido, pode "dialogar" com o prefeito eleito.
Enquanto as alianças eram formadas, o PT chegou a flertar com o PSD,
criado pelo prefeito Gilberto Kassab, mas a coligação não vingou.
Mais
cauteloso, o vice-presidente do PSDB Alberto Goldman evitou críticas
ao desempenho de Serra. Ele afirmou que a vitória de Haddad foi
"indiscutível", apesar da "votação bastante
expressiva" conquistada pelo PSDB. "Temos de repensar,
fazer o máximo possível para trazer novos quadros para o partido e
misturar com os experientes", disse, emendando uma comemoração
pelo desempenho dos candidatos tucanos e coligados nas regiões Norte
e Nordeste.
"Dentro
das condições que nós trabalhamos aqui - com um enfrentamento
muito pesado com o ex-presidente Lula e com a presidente Dilma
Rousseff entrando pesado na campanha - nosso resultado foi positivo",
avalia o ex-governador de São Paulo, que assumiu o cargo em abril de
2010, após Serra renunciar para concorrer à presidência.
Ao
desejar sorte ao prefeito eleito na noite deste domingo, José Serra
disse que sai "revigorado" dessa eleição. Não é o que
pensa o cientista político Marco Aurélio Nogueira. Para o professor
da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o tucano terá "muita
dificuldade para se reinserir no novo quadro que deve abrir dentro do
PSDB". Nogueira lembra que em 2010, após perder para a atual
presidente Dilma Rousseff (PT), Serra teve esse problema e encontrou
resistência interna na escolha do candidato à Prefeitura este ano.
No
entanto, Nogueira é cauteloso quanto à afirmação da militância
petista de que essa derrota significa o "sepultamento" da
carreira política de Serra. "A gente nunca pode enterrar os
políticos antes da morte física. E mesmo depois, eles seguem vivos
no plano simbólico. No entanto, acredito que esse golpe foi muito
pesado na trajetória do Serra, levando em conta que ele não é uma
pessoa jovem. Ele não tem mais muita energia e vitalidade para
recuperar essa derrota", diz.
Para
o professor, na campanha do PSDB em São Paulo "faltou muita
coisa". Ele argumenta que, apesar da alta taxa de rejeição,
Serra poderia ter sido um bom candidato. "Foi uma campanha de
muito má qualidade do ponto de vista político e democrático e que
não conseguiu se contrapor à campanha do PT, que também não foi
extraordinária, mas que acabou se beneficiando muito dessa
insistência na mudança, no fato novo, na rejeição do Serra",
diz.
Oposição
O
vice-presidente do PSDB Alberto Goldman garante que o partido adotará
uma postura de cobrança frente ao novo governo municipal. "Vamos
cobrar do novo prefeito Haddad que cumpra todas aquelas fantasias que
ele apresentou no processo eleitoral", afirma. "Ele vai ter
muita dificuldade de por em pé todas aquelas coisas que ele
apresentou", diz Goldman.
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