quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Selic a 7,25% dá vantagem à poupança


Novo corte da taxa reforça o desempenho da caderneta na comparação com os fundos de renda fixa, em especial a poupança antiga

O novo corte na taxa básica de juros anunciado nesta quarta-feira pelo Banco Central reforçou ainda mais o bom desempenho da poupança na comparação com os fundos de renda fixa.

A poupança antiga - cujo rendimento permanece em 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) - continua com a rentabilidade preservada em 6,17% ao ano e bate todos os investimentos em fundo de renda fixa, de acordo com levantamento da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Já a nova poupança - atrelada a 70% da Selic - vai passar a ter um rendimento de 0,4138% ao mês (ou 5,08% ao ano mais a TR) e, mesmo assim, mantém rendimento superior a boa parte dos fundos de renda fixa. A nova poupança só vai perder para os fundos de renda fixa com taxas de administração entre 0,5% e 1% (ver ao lado). Com a Selic em 7,5%, a aplicação tinha um rendimento de 5,25% ao ano.

Na prática, se a Selic permanecer estável em 7,25% ao ano, um montante de R$ 10 mil aplicado na poupança antiga vai render R$ 617 no período. Na nova poupança, esse mesmo montante vai render R$ 508.

"A poupança antiga continua imbatível e a nova poupança, como não cobra taxa de administração, ganha na maioria das situações dos fundos de investimento", diz Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac. Ele recomenda que o investidor sempre avalie a taxa de administração cobrada para obter o melhor ganho na aplicação. "Se a taxa for superior a 1% ao ano, o investidor deve avaliar a aplicação porque o fundo deve estar perdendo da poupança", afirma.
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As seguidas reduções da taxa básica de juros - a de ontem foi a décima seguida - tiraram da zona de conforto o investidor acostumado com o ganho fácil do juro alto. Agora, na avaliação dos especialistas, um ganho maior pode ter como contrapartida mais risco e menor liquidez. "É natural que o investidor comece a enfrentar essa situação de baixo ganho e passe a ter mais risco e diversificação no portfólio", diz Michael Viriato, professor do Insper. Entre as alternativas, ele sugere, por exemplo, aplicação na Bolsa de Valores ou em fundos imobiliários.

Para aplicação em Bolsa de Valores, o professor do Insper recomenda que o investidor descubra qual o seu perfil: mais moderado ou arrojado. "De acordo com esse perfil, se o investidor for mais moderado, por exemplo, sempre que ele fizer uma aplicação, deve alocar um porcentual escolhido para a Bolsa. Se fizer sempre isso, o investidor vai comprar tanto em momentos favoráveis como nos desfavoráveis", afirma.

Na avaliação de Viriato, a diversificação no portfólio de investimento já deveria ter sido iniciada pelos investidores, pois as sucessivas quedas dos juros deixaram o investimento em renda fixa pouco atrativo há bastante tempo.

Para Keyler Carvalho Rocha, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), uma possibilidade de investimento pode ser em títulos indexados à inflação. "É uma possibilidade que o investidor fica garantido com a inflação. Num prefixado, corre o risco de a inflação subir e o rendimento ficar negativo", afirma ele, para quem "há um risco muito grande de a inflação voltar a subir no ano que vem".
No longo prazo, apesar do espaço mais curto para uma queda da taxa de juros nas próximas reuniões do BC, o cenário dos investimentos não deve ser muito alterado.
"A tendência é de uma estabilidade daqui para frente", afirma o vice-presidente da Anefac.

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