Em
memorial ao STF, advogado diz que ex-ministro não pode ser condenado por atos
inerentes à chefia da Casa Civil
No
último memorial em defesa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o advogado
José Luiz Oliveira Lima faz um apelo contundente pela absolvição do petista ao
Supremo Tribunal Federal (STF), que está julgando o processo do mensalão. No
documento, com onze folhas, o advogado sustenta que Dirceu nunca manteve
encontros clandestinos, "não sendo plausível a criminalização de atos
próprios ao exercício do cargo de ministro da Casa Civil".
O
relator do mensalão no Supremo, Joaquim Barbosa votou ontem pela condenação de
Dirceu por crime de corrupção ativa e o chamou de "mentor" do esquema
de pagamento de parlamentares para garantir a aprovação de projetos do governo
Lula.
Para
Oliveira Lima, o voto do relator "atenuou a inegável intenção do
ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) em prejudicar José Dirceu". No
memorial, o advogado diz ainda que Jefferson - o delator do esquema de compra
de votos no Congresso - "somente criou suas denúncias contra Dirceu após
ser flagrado em episódio de corrupção nos Correios".
O
advogado nega, mais uma vez, a existência de vínculo entre Dirceu e o
empresário Marcos Valério Fernandes de Souza - apontado como o operador do
mensalão. "O voto do Exmo. Relator deu especial destaque ao fato de
representantes de bancos e empresas terem afirmado que Marcos Valério fez o
pedido de audiência com o ex-ministro da Casa Civil. Todavia, não era o próprio
ministro da Casa Civil quem recebia as pessoas interessadas em solicitar o
agendamento de audiências", insiste Oliveira Lima.
Na
tentativa de absolver Dirceu, o advogado alegou que o então chefe da Casa Civil
"não tinha contato direto e nem mesmo era informado da identidade do
portador do pedido de reunião". Logo depois, fez um apelo para que as
"inúmeras provas" nos autos sejam consideradas e adequadamente
valorizadas.
"Ao
contrário do que foi consignado no voto do Exmo. Relator, as reuniões (na Casa
Civil) não se revestem de caráter clandestino; ao revés, foram registradas na
agenda oficial do ex-ministro. Se os representantes dos bancos e empresas
decidiram levar nas audiências Marcos Valério ou Delúbio Soares (ex-tesoureiro
do PT e também réu no processo), seja como mero acompanhantes ou assessores,
tal fato não é de responsabilidade de José Dirceu", argumentou.
Oliveira
Lima destacou, no memorial, que o Supremo não pode concluir que Dirceu é o
"mandante" do esquema de compra de apoio parlamentar no Congresso sem
prova nos autos e apenas por ter se reunido com parlamentares já condenados por
corrupção passiva.
"Não
há nada de anormal nestas reuniões e diversas testemunhas ouvidas nesta Ação
Penal reforçam isso. Todos os corréus -- menos Jefferson, pelos motivos já
expostos -- afirmam que estas audiências não envolviam o debate de questões
financeiras", ressaltou Oliveira Lima. O advogado disse, ainda, que o
interlocutor do governo na Câmara, na época da reforma previdenciária, era o
então ministro da Previdência, Ricardo Berzoini. Oliveira Lima sustentou,
também, que na reforma tributária as negociações foram conduzidas
essencialmente pelo Ministério da Fazenda, na época comandado por Antonio
Palocci.
"O
então ministro da Fazenda confirmou ter participado diretamente das negociações
da reforma tributária, acrescentando que 'a articulação dela envolveu diversas
reuniões do presidente da República com governadores de Estado e partidos
políticos", assinalou Oliveira Lima, citando trecho de depoimento de
Palocci no processo.
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