Todo
ser humano percebe que existe como um ser singular em relação aos demais
objetos e seres do universo. Sob esse aspecto, a consciência constitui a
própria essência do ser humano.
Por Héctor Hugo
A
teoria animista abrange todas as conceituações de consciência do tipo
não-fisiológico ou mecanicista e inclui a posição cartesiana, a de William
James, a de Franz Brentano e a conceituação freudiana. Para Descartes,
consciência significa conhecimento imediato dos processos que a constituem. Ser
consciente é, pois, ser consciente de si mesmo. A perspectiva faz da
consciência o seu próprio objeto privilegiado. Ela seria fechada sobre si
mesma. Nada mais poderia ser diretamente conhecido. Esse conceito dominou
grande parte da história do pensamento psicológico e justificou a consagração
da observação direta como o procedimento básico da psicologia.
Segundo
Brentano, que retoma a tradição escolástica, não se pode conceituar a
consciência como fechada sobre si mesma, pois ela é referência a um objeto e
visa sempre a algo diverso de si própria. A intencionalidade é sua propriedade
fundamental; mas não a única. O critério da intencionalidade levou Brentano a
fundar o sistema de classificação dos fenômenos psíquicos, agrupados em três
categorias: a representação, o juízo, o amor e o ódio. Dessa perspectiva
derivou todo o movimento fenomenológico.
Para
William James o conceito de consciência não se distancia muito do que se fixou
com Descartes. Ela é caracterizada em termos de conhecimento reflexivo. No
tocante às propriedades nela discerníveis, James classifica-as em quatro: o
dinamismo, a seletividade, a continuidade e a pessoalidade. Foi em função da
continuidade da corrente da consciência que James estabeleceu a distinção entre
processos substantivos e processos transitivos. Estes, por sua própria
natureza, escapam a qualquer tentativa de apreensão e descrição introspectivas.
Sigmund
Freud rejeita a identificação entre consciência e psiquismo. Na verdade, a
consciência teria extensão reduzida e a maior parte do psiquismo seria
inconsciente. Para Freud, os conteúdos inconscientes só são acessíveis à
consciência por meio do procedimento da análise.
Donald
Olding Hebb assinala que, de certo modo, o enfoque objetivo ou
comportamentista beneficiou-se da posição freudiana. É possível caracterizá-lo
até mesmo como expressão de um processo de radicalização. A idéia consistiu em
considerar como inconscientes não alguns conteúdos e processos, mas todos. Se
todos são inconscientes e inacessíveis, resta apenas o recurso do estudo
indireto, mediante índices externos. Teria sido essa a estratégia fixada pelo
behaviorismo. Fechado o acesso aos eventos internos, somente caberia a
investigação indireta, pelos sinais comportamentais. Sem dúvida aceita-se que a
consciência seja interna, mas o conceito não designa um conjunto de atividades
neurocerebrais. Tais atividades podem ser supostas pela edificação de
constructos lógicos.
Derivada
da conceituação de Brentano, a perspectiva de Edmund Husserl ganhou
dimensão própria e constituiu a base do movimento fenomenológico. A idéia
central permanece a da intencionalidade. Surgiram, porém, diversas
interpretações, em função do próprio evoluir da doutrina. Maurice
Merleau-Ponty conceitua-a como relacional: a consciência não seria
subjetiva, mas referência ou relação a um objeto e, mais precisamente, um modo
peculiar de visá-lo.
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