Ministro diz que imprensa brasileira é "branca e conservadora" |
Primeiro
negro nomeado ao Supremo Tribunal Federal, por indicação do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, em 2003, Joaquim Barbosa, afirmou que votou no PT nas
eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010, mesmo já trabalhando como relator
do processo do mensalão nas duas últimas - e concluindo que vários membros da
alta cúpula do partido devem ser condenados. "Eu não me arrependo dos
votos (em Lula em 2002 e 2006), não. As mudanças e avanços no Brasil nos
últimos dez anos são inegáveis. Em 2010, votei na Dilma", analisou, em
declaração publicada na Folha de S. Paulo deste domingo. Barbosa
disse ter, inclusive, votado em Lula contra Collor, em 1989, e defendido o
ex-presidente no exterior no início do seu primeiro mandato. "Vou te
confidenciar uma coisa, que o Lula talvez não saiba: devo ter sido um dos
primeiros brasileiros a falar no exterior, em Los Angeles, do que viria a ser o
governo dele. Havia pânico. Num seminário, desmistifiquei: 'Lula é um
democrata, de um partido estabelecido. As credenciais democráticas dele são
perfeitas'", relatou.
Barbosa
já disse que a imprensa "nunca deu bola para o mensalão mineiro (também
chamado de "mensalão tucano" por envolver membros do PSDB)", ao
contrário do que faz com o do PT. O ministro acredita que a mídia, como as
forças dominantes do país em geral, é racista e conservadora: "a imprensa
brasileira é toda ela branca, conservadora. O empresariado, idem. Todas as
engrenagens de comando no Brasil estão nas mãos de pessoas brancas e
conservadoras", disse. O racismo se manifesta em "piadas, agressões
mesmo". "O Brasil ainda não é politicamente correto. Uma pessoa com o
mínimo de sensibilidade liga a TV e vê o racismo estampado aí nas
novelas", acusa. Ele diz já ter discutido com vários colegas do STF, porém
considera que polêmicas "são muito menos reportadas, e meio que abafadas,
quando se trata de brigas entre ministros brancos". "O racismo parte
da premissa de que alguém é superior. O negro é sempre inferior. E dessa pessoa
não se admite sequer que ela abra a boca. 'Ele é maluco, é um briguento'. No
meu caso, não sou de abaixar a crista em hipótese alguma...", defende.
Barbosa, que já escreveu um livro sobre ações afirmativas nos EUA, diz que o
racismo apareceu em sua "infância, adolescência, na maturidade e aparece
agora".
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Dag Vulpi