Horas
antes da abertura do Festival Latino-Americano e Africano de Arte e
Cultura 2012 (Flaac 2012), na Universidade de Brasília (UnB),
estudantes de escolas públicas tiveram hoje (22) a oportunidade de
ouvir o ator Érico Brás, que interpreta o papel do garçom Jurandir
na série Tapas & Beijos, da Rede Globo. No encontro, ele
reclamou do pequeno espaço que atores negros têm na televisão
brasileira.
Érico
Brás deu como exemplo a própria série onde atua. “Sou o único
negro do programa e, além disso, apareço em menos de 10% das cenas.
Isso está errado”, disse. O ator volta à Flaac à noite, às 18
horas, para ser o mestre de cerimônias do evento de abertura, no
espaço Mandala Global Mestre Teodoro, e recitar poemas que contam a
história da miscigenação brasileira. Ele é baiano e sua formação
se deu no Bando de Teatro Olodum, de Salvador, grupo conhecido pelo
conteúdo crítico do trabalho.
A
abertura do Flaac ocorre às 18 horas, mas a partir das 16h já há
programação, com o DJ Rumba tocando música latina até as 18h, no
Espaço Livre Honestino Guimarães. Enquanto isso, a banda de pífano
e percussão Zé do Pife e as Juvelinas se apresenta em cortejo no
espaço do festival a partir das 17h30, para agregar as pessoas ao
evento de abertura. Às 18h, na Mandala Global Mestre Teodoro, a
banda Na Veia da Nega toca com bailarinos.
A
discussão sobre discriminação racial, ideológica e religiosa,
entre outras, está presente no Flaac 2012, cuja
programação pode ser consultada na internet.
Os organizadores querem incentivar a reflexão sobre a valorização
das etnias. “Nós não reconhecemos que somos latino-americanos”,
disse o coordenador-geral do festival, Zulu Araújo, que também é
negro.
Zulu
lembrou que o espaço escolhido para a palestra de Brás e a conversa
com os estudantes, pela manhã, a Oca dos Povos Indígenas Darcy
Ribeiro, é um exemplo de convivência entre os diferentes. “Ela [a
oca] é toda feita de material orgânico”, explicou. O coordenador
também relacionou a vitória da política de cotas da UnB, que
reserva vagas para mestiços e indígenas, com a preocupação do
festival de estimular a integração das culturas latinas e
africanas.
Durante
as palestras do ator Érico Brás e de Zulu, os estudantes, todos do
ensino médio de escolas públicas do Distrito Federal, reconheceram
que o debate sobre os temas latinos e africanos está presente de
forma limitada no cotidiano deles. “Temos o Dia da Consciência
Negra, mas é preciso dar continuidade a esses trabalhos”, disse
Thiago Palma, de 17 anos, que cursa o terceiro ano do ensino médio
em uma escola de Ceilândia, região administrativa do Distrito
Federal.
As
alunas Mirielle Tomaz, de 16 anos, e Kerollainy Lopes, de 18 anos,
querem conhecer a cultura da América Latina e a da África. “É
interessante, é diferente”, disse Mirielle. “Quero aprender
sobre a universidade e sobre essas culturas, às quais não tenho
acesso”, acrescentou Kerollainy.
Gabriel
Palma (Agência
Brasil) Edição: Davi Oliveira
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