Em
20 dias, quadruplicou o número de haitianos que atravessaram ilegalmente a
fronteira entre a Bolívia e o Brasil pelo Acre. Eles aguardam em Brasileia
autorização do governo federal para que possam se estabelecer permanentemente
no país em busca de emprego.
O representante do governo do Acre na cidade, Damião Borges,
informou que 182 já recebem assistência humanitária. Eles recebem três
refeições e sete mil litros de água potável por dia.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, participou
de audiência pública na Câmara dos Deputados na semana passada, quando afastou
a possibilidade de o governo ampliar o número de vistos concedidos aos
haitianos. Com isso, o governo brasileiro pretende coibir a ação do crime
organizado que, segundo ele, tira proveito dessas migrações.
O secretário de Justiça do Acre, Nilson Mourão, disse que já
comunicou o problema às autoridades do Ministério da Justiça. “Aguardo agora um
comunicado deles [governo federal]. Se forem enviar essas pessoas de volta ao
Haiti, o problema é deles mas, da nossa parte [governo do Acre], continuaremos
dando suporte humanitário”.
Damião Borges, por sua vez, disse que não há como impedir a
entrada dessas pessoas em Brasileia dada a grande extensão de fronteira e ao
pouco policiamento. Os 96 haitianos que estavam em situação precária em
Iñapari, no Peru, foram todos para Brasileia.
Por
outro lado, os coiotes - pessoas que oferecem pacotes de viagem para a entrada
ilegal no país - continuam a utilizar a rota pela cidade boliviana de Ibéria,
onde caminham 8 quilômetros pela mata amazônica até a estrada para Cobija.
Quando chegam à cidade, na divisa com Brasileia, ou atravessam as duas pontes
que separam a Bolívia do Brasil ou atravessam o Rio Acre.
O representante do governo do Acre em Brasileia disse ainda que o
governo peruano decidiu fortalecer o policiamento de fronteira e expulsar os
haitianos que já estavam no país. “Ao que me consta, eles também vão aumentar a
fiscalização na fronteira com o Equador [país fundamental nas rotas dos
coiotes, no processo migratório do Haiti para o Brasil]”.
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Dag Vulpi