O
Ministério da Saúde lançou em 2006 as Diretrizes Nacionais para Prevenção do
Suicídio recomendando que cada estado elaborasse suas estratégias nessa área.
Depois de seis anos, no entanto, pouca coisa mudou, segundo Alexandrina
Meleiro, psiquiatra filiada à Associação Brasileira de Psiquiatria e integrante
da organização não governamental Centro de Valorização da Vida (CVV).
“Faz tempo que todas as coisas ligadas ao
suicídio não ficam mais do que no papel. Reúnem-se grandes nomes, celebridades
e não sai nada do papel”, afirmou. No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio,
lembrado hoje (10), a especialista dá sugestões do que pode ser feito para
mudar esse quadro.
Para
incentivar políticas públicas voltadas para a prevenção do suicídio em todo o
mundo, a Organização Mundial da Saúde cobrou em documento mais ações
relativas à questão. O Distrito Federal (DF) também lançou hoje um
programa de políticas públicas para prevenir o suicídio. De acordo com a
coordenadora de Prevenção ao Suicídio da Diretoria de Saúde Mental, Beatriz
Montenegro, o DF é a primeira unidade federativa a desenvolver uma política
pública voltada para a prevenção do suicídio.
A
psiquiatra acredita que o primeiro passo para uma prevenção eficiente é a
orientação. Na opinião dela, líderes de grupos como escolas e igreja deveriam
ser diretamente orientados pelo serviço de saúde pública a reconhecerem os
sinais que as pessoas dão de que estão pensando em suicídio.
“Eu instruiria professores e esses
professores instruiriam pais. Eu instruiria representantes de todos os credos
religiosos, seja padre, pastor, rabino, de tudo quanto é religião. Instruiria
também comunidades como Lions, Rotary, e todas as comunidades que fazem
serviços voluntários”, explica Alexandrina Meleiro.
Abandono
de amigos e de atividades sociais, perda de interesse em atividades que antes
traziam prazer, estado emocional instável e conversas sobre a morte podem ser
sinais de que algo está errado e de que a pessoa com esses sinais pode, num
futuro próximo, cometer suicídio. De acordo a psiquiatra, diante dessas
evidências, pessoas mais próximas devem procurar profissionais especializados
no assunto.
Outra
atitude a ser tomada na prevenção do suicídio, de acordo com Alexandrina,
seriam programas de treinamento das pessoas que trabalham nas emergências e nos
serviços de qualidade mental, compostos por psicólogos, psiquiatras e
terapeutas de família.
”Quando há uma tentativa [de suicídio], a
pessoa vai para um serviço de emergência. Nele, não há pessoas qualificadas
para o tratamento. O primeiro tratamento médico-cirúrgico é feito como se fosse
um trauma qualquer. Mas, dali, o paciente precisaria de um encaminhamento para
internação, para um psiquiatra ou psicólogo. Do pronto-socorro ele vai
pra casa. Nada é feito”, explica.
O
Ministério da Saúde não informou sobre o desenvolvimento de ações previstas
pelas Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio de 2006. De acordo com a portaria que
estabelece as diretrizes, a Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da
Saúde teria atribuição de regulamentar o documento em 120 dias.
Entre
as determinações do documento, está a de desenvolver estratégicas de
informação, de comunicação e de sensibilização da sociedade “de que o suicídio é um problema de saúde
pública que pode ser prevenido”. Página da Estratégia Nacional de
Prevenção do Suicídio do Ministério da Saúde prevê a elaboração do Plano
Nacional para Prevenção do Suicídio e do Plano Plurianual 2008-2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi