A
Justiça de São Paulo condenou mais um réu acusado de participação na morte do
prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, em 2002. Elcyd Oliveira Brito, o
John, foi condenado a 22 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado,
mediante promessa de recompensa, e pela utilização de recurso que tornou
difícil a defesa da vítima.
No
Tribunal do Juri, o réu negou envolvimento no crime. A versão foi diferente da
apresentada por ele em outros depoimentos. Segundo o Ministério Público, Elcyd
já havia confessado o crime várias vezes. Hoje, disse que foi torturado e
pressionado por policiais e promotores de Santo André a confessar o
assassinato. Elcyd apresentou sua defesa no início do julgamento, que ocorreu
no Fórum de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.
Celso
Daniel foi executado com oito tiros em janeiro de 2002. Ele foi sequestrado
logo depois de sair de um restaurante com o empresário e amigo Sérgio Gomes da
Silva, o Sombra, acusado de ser o mandante do crime. O corpo de Celso Daniel
foi encontrado dois dias depois na Estrada das Cachoeiras, em Juquitiba, cidade
vizinha de Itapecerica da Serra.
De
acordo com o Ministério Público (MP) do Estado de São Paulo, Elcyd estava na
caminhonete que interceptou o veículo do prefeito. O promotor de Justiça do
caso, Márcio Augusto Friggi de Carvalho, sustentou a tese de que a morte de
Celso Daniel teve motivações políticas e contestou o argumento da defesa de que
Elcyd não conhecia os outros envolvidos no crime. “Eles foram condenados juntos
por formação de quadrilha em outro processo”, declarou.
O MP
manteve a tese de que o crime foi cometido porque Celso Daniel descobriu que um
esquema de corrupção que existia em Santo André, no ramo dos transportes, não
servia apenas para alimentar o caixa 2 da campanha eleitoral de seu partido, o
PT. “A partir do momento que ele descobriu que o dinheiro também era desviado
para enriquecimento próprio da quadrilha, ele não concordou, passou a levantar
um dossiê. Isso chegou ao conhecimento dos demais e aí a motivação do crime”,
disse ontem (15) o promotor.
Elcyd
Oliveira Brito foi o quinto dos sete réus do caso a ser condenado. Ainda faltam
ser levados ao Tribunal do Juri Itamar Messias Silva dos Santos, que não foi
julgado hoje – o juiz acatou pedido do advogado de defesa, Airton Jacob
Gonçalves Filho, e adiou a sessão para o dia 22 de novembro –, e o acusado de
ser o mandande o crime, o Sombra. Os advogados travam uma batalha jurídica para
tentar impedir a condenação dele.
Além
de questionarem a legalidade da prisão preventiva, os advogados de Sombra
defendem a anulação da ação penal porque, segundo eles, o Ministério Público
atuou diretamente na investigação criminal, substituindo a polícia. No entanto,
já há maioria de votos (6 a 1), no Supremo Tribunal Federal (STF), pelo
prosseguimento da ação penal contra o empresário.
No
caso Celso Daniel, o Ministério Público decidiu começar uma investigação
própria após a polícia concluir que o assassinato foi um crime comum de
sequestro seguido de morte. As novas investigações apontaram que a morte do
prefeito teve motivação política.
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