Os agressores poderão
ter de ressarcir os cofres públicos os benefícios, como auxílio-doença, pensão
por morte ou por invalidez, pagos a mulheres vítimas de violência doméstica
seguradas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As primeiras ações
regressivas (cobrança do agente causador o valor pago por algum tipo de
indenização) foram ajuizadas pelo instituto, por meio da Advocacia-Geral da
União (AGU). O INSS não tem dados sobre o quanto é gasto com esses benefícios.
Duas das ações
ajuizadas são de moradoras no Distrito Federal, unidade da federação que
registrou o maior número de denúncias de agressões no primeiro semestre de
2012. Elas foram feitas por meio do Disque 180, Central de Atendimento à
Mulher da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). Um dos benefícios
chega a R$ 156 mil, que será concedido até 2030. O valor das ações regressivas
será pago pelos agressores, segundo determinação e trâmite judiciais.
De acordo com o
presidente do INSS, Mauro Hauschild, o objetivo das ações é, além de ressarcir
o gasto feito pelo Estado, desestimular esse tipo de agressão. “O efeito mais
importante, mais do que a reparação, é a prevenção. As pessoas começarem a
avaliar que estão sofrendo outra ação também [além da penal]”, disse Hauschild
à Agência Brasil.
“Vai ser devolvido aos
cofres o que o Estado gasta com a violência [contra a mulher], mostrando que o
ato de agressão não deve ser impune na esfera penal, mas também em outras. Se
podemos lamentar o que ocorre na penal, podemos buscar reparação em outras”,
ressaltou o vice-advogado-geral da União, Fernando Albuquerque.
Atualmente, alguns
casos são levados ao INSS para ressarcimento por meio da articulação entre
órgãos do Judiciário. O objetivo, de agora em diante, é fazer que, no ato da
concessão do benefício, conste que foi resultante de ato de agressão, o que
facilitará a identificação dos casos passíveis de ressarcimento. A partir de
setembro deste ano, funcionários e médicos peritos das agências da Previdência
Social (APSs) serão capacitados para identificar com mais facilidade mulheres
vítimas de agressão.
Hoje, com o
aniversário de seis anos da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), no âmbito da
Campanha Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha – A Lei é a Mais Forte,
ainda foi lançada a cartilha Quanto Custa o Machismo?
Feita pelo INSS em
parceria com a SPM, a cartilha traz informações sobre direitos e garantias e
orientações sobre como deve proceder a mulher vítima de agressão. As cartilhas
estarão disponíveis nas cerca de 1,3 mil APSs, em todo o país.
“Se não temos paz em
casa, como levaremos isso para o convívio social? Temos que trabalhar a cultura
de paz desde o começo da criação, levar essa questão para a escola, educar as
crianças de acordo com o respeito à mulher e desconstruir essa cultura”, disse
Maria da Penha, presidenta do instituto que leva o seu nome.
Em 1983, Maria da
Penha foi vítima de agressão do marido Marco Antonio Heredia Viveros e ficou
paraplégica. Ele foi condenado por dupla tentativa de homicídio – por a ter
atingido com uma espingarda e tentado eletrocutá-la no banho –, mas está em
liberdade devido a recursos judiciais. O caso foi levado à Comissão de Direitos
Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que condenou o Brasil por
omissão e impunidade. O caso motivou a criação da Lei 11.340/2006, que levou o
nome de Maria da Penha.
Segundo a secretária
de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da SPM, Aparecida Gonçalves,
uma pesquisa feita pelo Senado Federal mostrou 98% da população conhecem a Lei
Maria da Penha.
“É uma lei conhecida
porque mexe com o cotidiano da população e cujo símbolo é vivo [Maria da
Penha]. Ninguém pode dizer que essa agressão não existe. A iniciativa do INSS é
a primeira ação da campanha da SPM, cujo maior objetivo é combater a
impunidade. Só se vai conseguir educar se se conseguir responsabilizar”, disse
Aparecida.
“A cada cinco minutos
uma mulher é espancada no Brasil, o que corresponde a 12 mulheres por hora. É
um dado alarmante e preocupante. Em média, 4,4 em cada 100 mil mulheres são
assassinadas [por esse tipo de agressão]. São mães e possíveis mães que deixam
filhos órfãos. Quando tal violência ocorre no seio de uma família, há um
impacto que leva à grande instabilidade social”, declarou o presidente do INSS,
Mauro Hauschild.
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