O PSB do governador Renato Casagrande, como não podia ser diferente, é
a noiva mais desejada da maioria dos candidatos que disputam as eleições deste
ano. Entretanto, as movimentações do governador, quase todas atabalhoadas,
mostram que o “dono do partido” ainda não tem uma estratégia definida para
entrar no jogo eleitoral.
A indefinição de Casagrande está deixando as lideranças do partido e
principalmente os candidatos a prefeito à beira de um ataque de nervos.
Ansiosos e com os prazos cada vez mais apertados, eles continuam à espera de um
sinal verde do governador para deslanchar o processo eleitoral.
Embora Casagrande tenha dito que assumiria uma posição de
neutralidade no processo eleitoral, justamente para não desagregar os 16
partidos que compõem a base de apoio do seu governo, na prática, o que se vê é
um articulador afoito, que mais parece agir por improviso.
Essa indefinição de Casagrande pode comprometer o futuro do PSB e o
próprio plano de reeleição do governador em 2014, pois algumas candidaturas do
PSB que são consideradas estratégicas começam a correr risco. É o caso da
candidatura do deputado federal Paulo Foletto, que ainda não sabe se vai ou não
disputar a prefeitura de Colatina.
Embora Foletto seja apontado como favorito, a indefinição do
PSB, ou melhor, de Casagrande, mantém o processo amarrado. Enquanto o
governador não decide se irá ceder à pressão do PT e sacrificar o candidato do
partido para apoiar a reeleição do atual prefeito Leonardo Deptulski, o clima
de insegurança só vai aumentando para o lado de Foletto.
Na Serra, embora a candidatura de Audifax Barcelos tenha recebido
sinal verde e o deputado já tenha alinhavado o apoio do PR de Vandinho Leite, o
desdobramento dessa aliança reflete na disputa em Vila Velha. Embora o
presidente municipal do partido declare apoio a Max Filho (PSDB), uma nova
orientação, que vem de "cima", quer entregar o PSB para o PR de
Neucimar, em paga à aliança na Serra.
Se a indefinição de Casagrande amarra o processo dos seus
candidatos e dos partidos que o apóiam, de outro lado o PSDB, que não faz parte
da base do governo, já tem apoio assegurado em pelo menos 10 municípios. Número
bastante significativo, considerando que quase metade dos municípios capixabas
tem menos de 20 mil habitantes e assumidamente são dependentes do governo do
Estado, ou seja, geralmente, o candidato apoiado pelo governador se torna
franco favorito na disputa.
Quando questionado sobre a indefinição do PSB, Casagrande desconversa
e aproveita para recorrer ao discurso de que, para um governo que se apoia numa
base tão extensa, é mais prudente permanecer na neutralidade, deixando as
decisões eleitorais para o partido. Mas as ações do governador e seu histórico
no PSB desmontam essa tese. Todo mundo dentro do PSB sabe que Casagrande sempre
dirigiu o partido com mão de ferro e que é dele a palavra final.
O episódio envolvendo o apoio prematuro à candidatura do ex-governador
Paulo Hartung (PMDB) foi um exemplo recente das estratégias equivocadas de
Casagrande. Enquanto o próprio Hartung guardava a decisão de sua candidatura a
sete chaves, Casagrande se antecipou e vestiu a camisa de campanha do
ex-governador e causou uma rebordosa na base que acompanhava passo a passo a
decisão de Hartung. Um pouco antes, na novela que definiria a entrada de Max
Filho no PSB, foi a mesma coisa. No final, após muito suspense, Casagrande
vetou o ingresso de Max no partido e deixou o hoje candidato tucano a prefeito
de Vila Velha falando sozinho. | José Rabelo | Foto: Arquivo SD
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