segunda-feira, 23 de abril de 2012

A SELIC sempre foi uma grande enganação.


Em uma semana, o que era uma impossibilidade esférica, condicionada ao atendimento de uma soberba lista de 20 'contrapartidas' comunicada a Brasília com deselegância pelo presidente do sindicato dos bancos (Febraban) , Murilo Portugal, reverteu-se em adesão maciça ao corte das taxas de juros bancários praticados pelas instituições financeiras no Brasil. 

Lula já havia dado o pontapé inicial em 2008 ao “fazer” o Tsunami virar marolinha. Agora, vê-se que o sagrado lucro dos bancos não é nenhuma entidade natural ou sobrenatural que transcende ao mundo dos homens. A dúvida que fica é, será que não dava para fazer isso antes? a resposta e' simples: Dava sim.

O falecido ex-vice-presidente José Alencar ficou oito anos se esgoelando contra os juros altos e não foi ouvido. Por quê? Pensem nos bancos, não somente como empresas financeiras voltadas ao lucro, mas também como grandes financiadores de campanhas e a influencia que tinham e tem nos gabinetes governamentais.
Não é guerra que o governo esta fazendo contra os bancos e sim política monetária. O governo vem adotando a queda da taxa selic o que diminui a atratividade pelos títulos públicos. Se o governo não baixar o juros nos bancos públicos, os bancos privados manteriam suas taxas constantes a empréstimos para pessoa física e jurídica e não destinariam seus recursos para financiar o governo.

Este é um importante movimento da nossa economia, no sentido de forçar a queda dos juros também para o tomador final. Fossem os pressupostos que apresentavam nossos agiotas com alvará e carta patentes financeiras bancos privados e estatais, essa decisão tardia (no sentido de que demorou muito a ser tomada e deixou que a população fosse tungada por quase uma década, inclusive pelo próprio governo, drenando para o sistema financeiro mais de cem bilhões de reais anuais de recursos fiscais para pagar juros) de política econômica, não teria a mínima condição de ser adotada porque quebraria o sistema financeiro, efeito que está fora de cogitação, já que ainda continuarão excessivamente lucrativos, inclusive os entes estatais do sistema, que não deveriam ser geridos para, explorando a população, garantir lucros para investidores, muitos estrangeiros. 

Do ponto de vista de um simples cidadão, quando não foram até agora explicitados que entraves impediam uma tomada de decisão, fica difícil de entender porque o governo atua reservando mercado na saúde para os planos de saúde, no ensino para os barões do ensino, além de direcionar inclusive recursos fiscais que nas estatais reduz o rendimento do governo e serão, no próprio governo, destinados para complementar salário de funcionários de uma forma geral, que terão parte de sua aposentadoria para ser paga pelo sistema financeiro, sem a garantia governamental (melhor seria o governo colocar esses recursos numa caderneta de poupança que tem garantia e não paga imposto de renda), sem falar, claro, na reforma agrária que não anda.

Nada terá vida longa se o governo não tomar medidas para aumentar o grau permanente de concorrência no meio financeiro. Incentivar o surgimento de bancos regionais, bancos comunais, cooperativas de crédito, consórcios, e outros mecanismos que retirem das mãos deste oligopólio o poder sobre o dinheiro. Se nada for feito, daqui a alguns meses a CEF e o BB dão um jeito de aumentar os seus lucros de novo e arrastam em seu movimento, a toda a banca privada.

Brecht já dizia que "melhor que assaltar um banco, é abrir um."; No Brasil, então, a farra é algo vergonhoso que o constrangimento desses caras apareceu quando a corajosa Presidenta Dilma peitou os barões da grana. Arrogantes, auto-suficientes, impiedosos, nada consegue detê-los.
Depois de passar anos enganando a população, dizendo que a SELIC era responsável pelos absurdos spreads bancários, hoje os economistas reconhecem que o problema é a falta de concorrência num setor oligopolizado. Durante todos estes anos a nomenclatura dos bancos oficiais (BB e CEF), apoiada por suas entidades sindicais, também se locupletaram neste botim. Uma vez revelada a verdade, a pergunta que fica é: o que é preciso fazer para impor uma permanente concorrência no setor e acabar de vez com esta patota oligopólica público-privada?
 

Fala-se muito no câmbio e pouco no estrago que faz esta política rentista. Só um maluco pensa em montar um negócio que lhe renda menos de 15% ao ano, na medida em que se aplicar na Caderneta de poupança ganhará 6% mais a inflação, sem nenhum risco e sem nenhuma aporrinhação. Deposita sua grana e vai viajar, simples assim!
E não pensem que o Mantega vai mexer nisto. Ele mesmo já disse que não é preciso mexer na lei da poupança. Vamos continuar tendo um piso mínimo de juros que garante a sobrevivência do rentismo.

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Dag Vulpi

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