A Ignorância, o Apego e a Aversão.
A ignorância
é como uma cegueira mental. Apesar de acumularmos muitos conhecimentos úteis
durante nossa vida, não conseguimos aprender o mais importante dos
conhecimentos: saber lidar com a impermanência dos estados de prazer, alegria e
felicidade.
Esta
ignorância gera os outros dois sofrimentos: o apego e a aversão, criando a
dualidade de nosso estado mental confuso.
Quando
somos crianças queremos situações e sensações boas e evitamos as sensações
ruins. Isto é saudável nesta idade infantil, mas nossos problemas começam
quando nos tornamos adultos e nos apegamos aos momentos bons. Tentamos segurar
as sensações prazerosas e tentamos evitar que elas terminem. Não estamos
preparados para as mudanças que podem acontecer. Chamamos de apego esta ilusão
de acharmos que temos controle sobre a duração da felicidade. Mas não temos
controle algum sobre isto.
Como
não temos consciência da impermanência dos acontecimentos, queremos segurar a
vida e os momentos de felicidade. Ao pensar e agir desse modo, deixamos de viver
o momento presente. Passamos a viver de uma felicidade que já passou ou que
esperamos que aconteça. Para tentar satisfazer nossos desejos sensoriais,
fazemos de tudo para evitar o sofrimento. Mas o sofrimento faz parte da vida e
nem sempre podemos evitá-lo. Precisamos saber lidar com ele, enfrentá-lo,
tentar transformar o sofrimento em estados mais equilibrados e compreender que
são oportunidades de evolução e aprendizado.
Sentir
aversão por alguma coisa ou por alguém gera sofrimento. Ódio e raiva são emoções
negativas que trazem muitas inquietações.
Ao
praticarmos a bondade, a amabilidade, a paciência, tornamos nossos
relacionamentos mais naturais, espontâneos e verdadeiros. Por meio destas
virtudes, edificamos um mundo mais humano e aprendemos a eliminar tanto o nosso
sofrimento como o dos outros, e desta maneira, somos mais felizes.
Vamos
tomando consciência da dor dos outros à nossa volta. E assim, percebemos a
necessidade de ajudá-los a terem consciência de como podem amenizar e aceitar a
dor para não serem infelizes. Daí surge a virtude da compaixão que é uma grande
chave para nossa libertação.
A
compaixão é uma qualidade essencial para nos livrarmos de nossas ansiedades e
aversões. Compaixão não é sentir dó ou piedade. É uma atitude de valorizar a
outra pessoa, percebendo que somos todos iguais. Abrimos nosso coração para
sentir sentimentos como compreensão e aceitação.
A
compaixão vai se desenvolvendo à medida que cultivamos a equanimidade, o não
julgar, o não criticar e, passamos a ter o mesmo zelo pelo bem-estar dos outros
como temos pelo nosso.
Para
entendermos melhor os altos e baixos da vida, temos que compreender a lei
cármica da impermanência.
Carma
não é punição, é uma lei de causa e efeito. O carma não é um destino imutável.
É impermanente, manipulável, transformável e pode ser extinto ou diminuído.
As
sementes cármicas, boas ou más, têm o potencial de produzir frutos bons ou
maus. Ao entender isso, você compreende que pode mudar seu destino e que pode
segurar as rédeas de seu destino nas mãos se desenvolver boas virtudes.
Mesmo
uma pequena ação pode ter uma grande consequência, positiva ou negativa. Às
vezes, pequenos gestos gentis e favores, que você faz para alguém e nem se
lembra mais, podem gerar bons frutos no futuro, pois aquela pessoa se lembra de
sua bondade e procura lhe ajudar de outras maneiras.
Quanto
maior a compaixão e a bondade de uma pessoa, maiores são as suas experiências
subjetivas de felicidade. Quanto maior a negatividade, maior o seu sofrimento e
dor. A realidade de nossa vida cotidiana é o resultado cármico dos nossos
pensamentos, intenções, palavras e ações.
Pescado do Vyaestel
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