Naquela época Astolfo
Dutra era apenas mais uma cidadezinha do interior de Minas Gerais, e continua
sendo até hoje, (risos). Pois bem, na única rua da cidade concentrava o pacato
comercio, a delegacia e mais pro o final ficava a igreja com o cemitério ao
lado. Dentro do cemitério, e exatamente
na sepultura onde foi enterrado um antigo delegado nasceu um abacateiro que
carregava que era uma beleza, mas os únicos que saboreavam os frutos eram os pássaros
do local, já que corria na boca miúda que o delegado defunto era o dono do pé
de abacate e tomava conta de sua frondosa árvore frutífera e aquele que se
atrevesse a passar ali por perto com outras intensões quando o pé estava carregado
corria sério risco de ser arrastado para a sepultura e de lá não sairia jamais.
Dizia-se inclusive que há muito tempo atrás um forasteiro desavisado resolveu
tirar um abacate para matar a fome e nunca mais foi visto.
Naquele ano o abacateiro
deu uma carga de frutos jamais vista fato que despertava o interesse de muita
gente, mas que, ao lembrarem-se a quem ele pertencia, a ideia era logo tirada
da cabeça.
Mas daquela
vez dois amigos, Firmino e Popó, estavam dispostos a encarar o perigo. Desde o
ano anterior que eles vinham planejando fazer a colheita, só estavam esperando
a hora certa para colocarem seu plano em atividade.
Depois de
vários dias planejando enfim chegaram a um acordo de que seria a noite (quando
não havia vigilância) que eles iriam entrar no cemitério e pegar todos os
abacates.
De tardinha os
dois se encontraram no barzinho da cidade, a ideia deles era ficar por ali,
tomar umas pingas e observar o movimento, quando o pessoal fosse dormir eles sairiam
como quem não quer nada, iriam sentar de frente pra igreja, fumar um cigarrinho
de palha e disfarçadamente eles iriam se aproximar do muro do cemitério que por
acaso era bem baixo, iriam ficar ali alguns minutos e de um salto só eles
estariam lá dentro protegidos pela escuridão das sombras do abacateiro.
E assim
fizeram, pularam o muro, subiram na árvore e encheram o saco de estopa que
haviam levado. De vez enquanto eles cismavam que teriam ouvido um barulho
estranho, mas logo se encorajam dizendo que seriam as corujas que também
ficavam ali pelo cemitério.
Resolveram repartir
os frutos ali mesmo, já que haviam levado dois sacos e dividindo ficaria mais
fácil para transportarem os frutos. Firmino começou a fazer a divisão do ‘premio'.
Um pra mim, um pra você. Um pra mim, um pra você. Pô, você deixou dois caírem
do lado de fora do muro reclamou popó! Não faz mal, falou Firmino, depois que a
gente terminar aqui pegamos os outros dois. Então tá bom, respondeu Popó, mais
um pra mim, um pra você. Naquele momento um bêbado, passando do lado de
fora do cemitério, escutou esse negócio de 'um pra mim e um pra você' e saiu
correndo para a delegacia. Chegando lá, virou para o policial: - Seu
guarda vem comigo! Deus e o diabo estão no cemitério dividindo as almas dos
mortos! - Ah, cala a boca bêbado. - Juro que é verdade, vem comigo. e os dois foram até o cemitério, chegaram perto do muro e começaram a
escutar... - Um para mim, um para você... O guarda assustado: - É verdade! É o
dia do apocalipse! Eles estão dividindo as almas dos mortos! O que será que vem
depois? - Um para mim, um para você. Pronto, acabamos aqui. E agora? -
Agora a gente vai lá fora e pega os dois que estão do outro lado do muro...
CORREEEEEEEEEEEEEEE... Disse o guarda ao bêbado. E saíram numa disparada
que dizem que até hoje eles ainda estão correndo pelas matas das Minas gerais
afora. rss
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Dag Vulpi