segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Rogério Correia vai ter que bancar advogado para o falsário da lista de Furnas.

Por Barbara Flavia

Atrás das grades desde outubro do passado, o lobista e fraudador Nilton Antônio Monteiro, alvo de quase 100 processos judiciais, fez um apelo para o deputado estadual Rogério Correia (PT), líder da oposição na Assembléia Legislativa, com quem teria estreitas ligações.

Por meio de uma carta, escrita da cela da Penitenciária da Gameleira, em Belo Horizonte, Nilton Monteiro exige que Correia lhe ajude a bancar as despesas de um advogado defesa. Em troca da ajuda financeira, segundo o manuscrito, o lobista toparia ficar em silêncio numa suposta negociação de delação premiada, na qual Correia seria envolvido em crimes de falsificação de documentos.

Ainda pouco utilizado no país, a deleção premiada é um instrumento jurídico que permite ao acusado ter a pena reduzida ou até mesma extinta em troca de informações valiosas para o andamento do processo.

Em tom ameaçador, o lobista lembra que já ajudou Correia em outras oportunidades, além do petista Luiz Fernando Carceroni, um dos fundadores da legenda em Minas, e que tal colaboração beneficiou até mesmo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com data de dois janeiro desse ano, a carta chegou ao conhecimento de Correia por meio de um intermediário, de nome Gilmar Adriano Corrêa, sendo distribuída depois para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia de Minas, deputado Durval Ângelo (PT). “Quero que ele (Correia) me ajude a pagar o advogado... Se eu não tiver outra alternativa não terei outra saída”, ameaçou.

Indiciado pela polícia, Monteiro virou uma espécie de colaborador do Ministério Público Estadual (MPE). Há três semanas, ele saiu da cadeia para prestar depoimento em um inquérito que corre na Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte. O alvo da investigação é o deputado Rogério Correia, suspeito de ter utilizado a estrutura do seu gabinete na Assembleia para custear advogado para o lobista, além de outros apoios. O pedido para instaurar a investigação partiu de vários partidos políticos do arco de apoio ao Palácio da Liberdade.

Responsável pela investigação, que culminou na prisão de Monteiro por falsificação de documentos e suposto achaque a políticos e empresários de grosso calibre, o delegado Márcio Simões Nabak confirmou, na última quinta-feira, ter iniciado uma negociação de delação premiada com o lobista.

O delegado, no entanto, negou com veemência que a delação premiada envolvia o nome do deputado petista. Nabak confirmou a intenção de negociar com Nilton Monteiro em troca de novas provas, mas a iniciativa não foi para frente porque o lobista se recusou a colaborar.

Suspeito de operar um grande esquema de achaque a poderosos dos meios político e empresarial, num montante de R$ 300 milhões, com o auxílio de recibos supostamente forjados de “consultoria”, Monteiro não age sozinho, segundo sustenta Nabak.

Falando em tese, o delegado acredita que o lobista seria ‘testa de ferro’ de alguém que ainda não foi identificado, apesar do inquérito ter sido instaurado em 2008. Procurado, o deputado declarou: “Não sou eu que vou me comprometer com o advogado dele. São questões que não dizem respeito a mim”.

Fonte: Hoje em Dia

Um comentário:

  1. Desde a redemocratização a mídia ganhou o poder de pautar a Justiça. Qualquer escândalo, fundamentado ou não, acaba induzindo à abertura de inquéritos pelo Ministério Público ou de CPIs pelo Congresso.

    É uma das armas mais poderosas da velha mídia, mas cuja eficácia tende a se diluir com o tempo, devido ao pouco critério no tratamento das denúncias; e à desconstrução pela Internet das denúncias vazias.

    Mas, como poder extremamente lento, cauteloso, a Justiça leva algum tempo para entender os novos tempos.

    De repente, surgem dois fatos relevantes, fora da órbita de escandalização da mídia: as denúncias do livro "A Privataria Tucana" e o inquérito sobre a lista de Furnas.

    No primeiro caso, a disseminação das informações do livro se deu exclusivamente pelas redes sociais. Tivesse sido através dos jornais, certamente estimularia a abertura de inquérito pelo procurador geral Roberto Gurgel.

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