Por Bruna
Rocha Witt*
Na Roma
antiga, a escravidão na zona rural fez com que vários camponeses perdessem o
emprego e migrassem. O crescimento urbano acabou gerando problemas sociais e o
imperador, com medo que a população se revoltasse com a falta de emprego e
exigisse melhores condições de vida, acabou criando a política “panem et
circenses”, a política do pão e circo. Este método era muito
simples: todos os dias havia lutas de gladiadores nos estádios (o mais famoso
foi o Coliseu) e durante os eventos eram distribuídos alimentos (trigo,
pão). O objetivo era alcançado, já que ao mesmo tempo em que a população se
distraia e se alimentava também esquecia os problemas e não pensava em
rebelar-se. Foram feitas tantas festas para manter a população sob controle,
que o calendário romano chegou a ter 175 feriados por ano.
Esta situação
ocorrida na Roma antiga é muito parecida com o Brasil atual. Aqui o crescimento
urbano gerou, gera e continuará gerando problemas sociais. A quantidade de
comunidades (também conhecidas como favelas) cresce desenfreadamente e a
condição de vida da maioria da população é difícil. O nosso governo, tentando
manter a população calma e evitar que as massas se rebelem criou o “Bolsa
Família”, entre outras bolsas, que engambela os economicamente desfavorecidos e
deixa todos que recebem o agrado muito felizes e agradecidos. O motivo de dar
dinheiro ao povo é o mesmo dos imperadores ao darem pão aos romanos. Enquanto
fazem maracutaias e pegam dinheiro público para si, distraem a população com
mensalidades gratuitas.
Estes
programas sociais até fariam sentido se também fossem realizados investimentos
reais na saúde, educação e qualificação da mão-de-obra, como cursos
profissionalizantes e universidades gratuitas de qualidade para os jovens.
Aquela velha frase “não se dá o peixe, se ensina a pescar” pode ser definida
como princípio básico de desenvolvimento em qualquer sociedade. E ao invés dos
circos romanos, dos gladiadores lutando no Coliseu, temos nossos estádios de
futebol e seus times milionários. O brasileiro é apaixonado por este esporte
assim como os romanos iam em peso com suas melhores roupas assistir as lutas
nos seus estádios. O efeito político também é o mesmo nas duas épocas: os
problemas são esquecidos e só pensamos nos resultados das partidas.
A saída desta
dependência é a educação, e as escolas existem em nosso país, mas há muito que
melhorar. Os alunos deveriam sair do Ensino Médio com uma profissão ou com
condições e oportunidades de cursar o nível superior gratuitamente, e assim
garantir seu futuro e de seus descendentes. Proporcionar educação de qualidade
é um dever do estado, é nosso direito, mas estamos acomodados e acostumados a
ver estudantes de escolas públicas sem oportunidades de avançar em seus
estudos, e consideramos o nível superior como algo para poucos e privilegiados
(apenas 5% da população chega lá). Precisamos mudar nossos conceitos e ver que
nunca é tarde para exigirmos nossos direitos.
Somente com
educação e cultura os brasileiros podem deixar de precisar de doações e assim,
se desligar desse vínculo com o “pão e circo”, pois estes são os meios para
reduzir a pobreza. Precisamos de governos que não se aproveitem das carências
de seu povo para obter crescimento pessoal, e sim que deseje crescer em
conjunto.
Bruna
Rocha Witt* Estudante
do Curso de Letras e trabalho em um Jornal. Moro na cidade de Osório, Rio
Grande do Sul.
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