Postagem Dag Vulpi 25/04/2011 14:13
No debate sobre reforma política que o PT promove na próxima sexta-feira em reunião do Diretório Nacional, em Brasília, um ponto fundamental será a regra para as alianças das eleições municipais de 2012. A intenção é, desde já, amarrar os partidos aliados ao governo, impedindo, assim, que candidatos petistas fiquem isolados. Preocupam os dirigentes do partido, especialmente, os movimentos do PSB — que se aproxima do PSD e do PDT — e os planos do PMDB de lançar o deputado federal Gabriel Chalita, hoje no PSB, candidato a prefeito de São Paulo A determinação de colocar logo em pauta a política de alianças é do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com foco no desempenho do partido em 2012. Em todas as conversas com a cúpula partidária, ele pergunta como andam os acertos para as eleições municipais. No aniversário do PT, em fevereiro deste ano, ele foi direto na cobrança: “Não podemos deixar para discutir esse assunto depois”.
As maiores cidades são as que mais preocupam Lula. Hoje, o PT não tem perspectiva de uma aliança sólida em São Paulo. Pode também ter problemas em Belo Horizonte, onde o prefeito, do PSB, mantém aliança com o PSDB, enquanto o vice é do PT. Quanto ao Rio de Janeiro, embora os petistas tenham algumas opções, o aliado Eduardo Paes, do PMDB, é candidatíssimo a mais quatro anos de mandato. Ou seja, se lançar candidato nesses três municípios considerados importantes para formação de uma base rumo a 2014, o PT corre o risco de ficar isolado.
Para não deixar transparecer o medo de isolamento, os petistas pretendem discutir esse tema entre os seis pontos da reforma política que consideram fundamentais (leia quadro nesta página). De saída, o partido tende a acabar com as coligações nas eleições proporcionais — de vereadores, deputados estaduais e federais. Assim, os petistas acham que deixarão de dar “carona” a pequenas legendas.
Outra grande preocupação do PT é quanto ao fortalecimento dos partidos. “Hoje, o voto é muito personalista. É preciso encontrar uma forma de dar à política uma característica mais partidária. Por isso, o PT começa a trabalhar com a lista flexível”, afirma o líder da bancada na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP). Nesse tipo de lista, o partido apresenta sua escolha de candidatos, na ordem de prioridade com que pretende preencher os assentos em disputa. O eleitor pode endossar a ordem proposta ou então mudá-la, votando em nomes que estão colocados no fim da listagem. “É uma forma de valorizar o partido sem tirar do eleitor o direito de escolher o integrante daquele partido que ele quer ver eleito”, afirma Teixeira.
O risco da inflação A fidelidade partidária e o financiamento exclusivamente público para as campanhas políticas também estarão na ordem do dia dos debates dos petistas. Mas eles decidiram não deixar de lado o debate econômico e a alta nos preços dos combustíveis. O tema será abordado em palestra do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que deve ainda falar sobre inflação e juros.
Os petistas querem saber de Mantega se ele tem segurança de que a economia não vai degringolar, o que jogaria por terra o projeto de poder do partido. Em suas discussões mais reservadas, os dirigentes têm avaliado que só há risco de os planos eleitorais do PT em 2012 e 2014 serem comprometidos se houver algum solavanco forte na economia. Hoje, o vilão nesse cenário é o preço da gasolina. Além de Mantega, os petistas esperam contar na sexta com as presenças da presidente Dilma Rousseff e de Lula. Mas até ontem nenhum dos dois havia confirmado a participação.
Correio Braziliense
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