Ivan
Richard Esposito - da Agência Brasil
Com
aumento da expectativa de vida do brasileiro e a diminuição da proporção entre
as pessoas que estão na ativa e os aposentados, o Brasil precisa, na avaliação
do representante da Organização Ibero-Americana de Seguridade Social (Oiss) no
Brasil, professor Baldur Schubert, rever o sistema previdenciário.
Em
meio ao debate sobre a proposta de reforma da Previdência enviado pelo governo
ao Congresso Nacional, Schubert disse, em entrevista à Rádio Nacional, que
o Brasil precisa definir uma idade mínima para a aposentadoria.
“São
poucos países no mundo, e aqui nas Américas apenas dois países, que não têm
idade mínima: nós e o Equador. A idade mínima terá que ser definida. Se será
60, 62, 65, 67, como em vários países, é uma definição política. Temos que ter
consciência de que a idade mínima deverá ser estabelecida”, disse Schubert.
“Temos uma das grandes previdências do mundo. Mas o que se vê ao longo do
tempo, é que a realidade era completamente diferente. Nos anos de 1960 e 1970,
tínhamos, para cada pessoa que recebia [aposentadoria], seis contribuindo.
Hoje, para cada uma que recebe, só temos dois contribuindo. A realidade
demográfica impacta”.
No
início de dezembro, o governo enviou ao Congresso a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) de Reforma da Previdência. Entre outros pontos, a proposta
fixa a idade mínima para se aposentar de 65 anos tanto para homens como para
mulheres, com pelo menos 25 anos de contribuição à Previdência. Atualmente, não
há uma idade mínima para o trabalhador se aposentar.
Pelas
regras em vigor, é possível pedir a aposentadoria com 30 anos de contribuição,
no caso das mulheres, e 35 anos no caso dos homens. Para receber o benefício
integral, é preciso atingir a fórmula 85 (mulheres) e 95 (homens), que é a soma
da idade com o tempo de contribuição. Pela proposta do governo, para receber
100% do valor, será preciso contribuir por 49 anos, mesmo que tenha atingido os
65 de idade.
Para
Schubert, o Brasil já deveria ter mudado as regras para aposentadoria diante da
mudança demográfica da população. Segundo ele, apesar de necessária, a reforma
terá que levar em conta a opinião de toda a sociedade.
“Deveríamos
ter feito [antes]. Importante a gente enfrentar isso e garantir para amanhã e
depois que essa Previdência seja sustentável. Por isso que temos que fazer
ajustes nesse sistema, mas é importante fazer com que todos: empregados,
empregadores, governo, representantes da sociedade, analisem o sistema
previdenciário e façam propostas que atendam às necessidades do hoje e do
amanhã”.
O
representante da Organização Ibero-Americana de Seguridade Social no Brasil
disse que o sistema previdenciário deve manter o equilíbrio entre arrecadação e
despesas, como “pratos de uma balança”.
“Sempre
digo para as minhas filhas que elas terão que trabalhar mais porque elas
viverão mais. Não se pode admitir que uma senhora aos 38 anos se aposentou no
passado, viva até os 90 com [recebendo] uma assistência. Não há regime
previdenciário que resista [que o aposentado] contribua 25, 30, 35 anos e
usufrua durante 40, 45 anos. É muito difícil manter isso. Acho que é em boa
hora”, avaliou Schubert.
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