Da Agência
Brasil
A primeira
sessão de debate no Senado da Proposta de Emenda à Constituição do Teto de
Gastos (PEC 55/2016) foi marcada por bate-boca entre o líder do governo no
Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), e a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR),
ex-ministra chefe da Casa Civil no primeiro governo de Dilma Rousseff.
A discussão
começou quando o líder do governo acusou o PT de não ter feito a reforma
tributária durante seu governo, nem aprovado o projeto de taxação dos mais
ricos, que é a proposta atualmente da oposição.
“Eu me
pergunto: 13 anos no poder tiveram a faca e o queijo na mão, por que não
fizeram a tal reforma tributária taxando os mais ricos retirando, do nosso
sistema tributário, as suas características mais regressivas que existem e que
precisam ser mudadas? O que fizeram quando tinham a maioria de 400 deputados na
Câmara Federal e uma maioria oceânica no Senado da República? Por que não
fizeram isso naquela época?”, questionou Ferreira.
O senador
acusou ainda os oposicionistas de terem quebrado o Estado e defendeu a PEC como
forma de reverter a situação econômica e até de modificar o jeito como os
congressistas fazem o Orçamento da União.
“Além de ter
uma enorme repercussão sobre o enfrentamento da crise e a possibilidade de
abrir-se um caminho, uma luz, para que nós possamos ter um crescimento
sustentável no Brasil, terá também uma enorme repercussão sobre esta Casa,
sobre o Congresso, sobre a forma de nós fazermos o Orçamento da República. O
Orçamento passará a ser o local de disputa de prioridades”, disse.
Em seguida,
foi a vez de Gleisi Hoffmann defender seu partido e acusar o PSDB de ter
aumentado a carga tributária quando esteve no governo. A senadora acusou o
líder governista de mentir ao falar do PT e da reforma tributária. “E vou
desmentir o líder do governo com dados. Dados”, disse. “Vamos começar pela
carga tributária: a carga tributária, em 1996 – portanto, ano do governo do
Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, do líder do governo Aloysio Nunes –, era de
26,1% do Produto Interno Bruto. Em 2002, quando eles terminaram o governo, a
carga tributária estava em 32,2% do Produto Interno Bruto. Em 2015, quando a presidenta
Dilma foi retirada do governo, a carga tributária brasileira estava em 32,7% do
Produto Interno Bruto. Quem aumentou a carga tributária? Foi o PT ou foi o
PSDB?”
Provocações
e acusações
A troca de
acusações continuou em seguida, com ambos se acusando de mentirosos e o líder
dizendo que a senadora estava “muito nervosa”. Irritada com a observação, a
senadora Regina Sousa (PT-PI), colega de bancada de Gleisi, acusou Aloysio de
praticar “misoginia”, mas Aloysio Nunes prosseguiu provocando Gleisi e dizendo
que “o fato em Curitiba talvez tenha deixado a senhora nervosa”.
O discurso da
senadora prosseguiu, com seguidas interrupções por parte do líder e novas
trocas de acusações. Finalmente, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL) interviu e pediu ao líder que aguardasse para falar após o discurso
da senadora. Aloysio Nunes pediu que as ofensas fossem retiradas, mas a
senadora se negou.
A PEC 55
passará por mais quatro sessões de discussão antes da votação em primeiro
turno, marcada para o dia 29 deste mês. Se for aprovada em primeiro turno, a
proposta passará por mais três sessões de discussão antes da votação em segundo
turno, marcada para o dia 13 de dezembro. Se for aprovada sem alterações que a
façam voltar para a Câmara, a PEC deverá ser promulgada em 15 de dezembro.
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