segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Foto de crianças fardadas causa revolta no Direitos Humanos?

Texto diz que a foto de um casal de crianças com farda de policial causou revolta no pessoal dos Direitos Humanos enquanto que foto de criança travestida ganhou prêmios! Será?

A notícia apareceu no Facebook no dia 05 de fevereiro de 2016, através da publicação indignada no perfil do deputado federal Jair Bolsonaro e replicada em diversos outros perfis. De acordo com o político, a foto de um casal de crianças fardadas teria causado revolta por parte do pessoal dos Diretos Humanos enquanto que a capa da Revista Nova Escola – que mostra um menino com “roupas de menina” – acabou ganhando o prêmio de melhor capa de 2015.

A postagem do deputado teve mais 23 mil compartilhamentos, além de mais de 50 mil curtidas, gerando cerca de 4 mil comentários!

Mas será que essa notícia é real?

Será que isso é verdadeiro ou falso?


Será Verdade isso?

A publicação feita pelo nobre deputado misturou (propositalmente ou não) dados reais com inverdades e sua postagem causou o efeito esperado: Muita polêmica em cima do assunto!

Na verdade, a foto que “causou revolta” nos Direitos Humanos não foi a da dupla de crianças fardadas. Essa foto circula pela web desde 2012, quando foi publicada no blog da Polícia Militar de São Paulo e não há nenhuma reclamação sobre ela!

A publicação de Bolsonaro coloca a imagem ao lado da capa da revista Nova Escola (edição de fevereiro de 2015), dando a entender que os dois fatos ocorreram na mesma ocasião.

O blog Papo de PM selecionou diversas fotos bacaninhas de crianças fardadas (o blog é lotado de banners e popups, mas vale a visita pelas fotos), mostrando que não há problema nenhum em “fantasiar” a criança com a roupa de seus heróis.

Na verdade, a fotografia que gerou indignação entre os internautas e fez com que o coordenador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos e um dos fundadores da Comissão da Criança e do Adolescente do Conselho Federal da OAB, Ariel de Castro Alves, pedir para que o setor de Direitos Humanos do Ministério Público de São Paulo analise o caso foi essa aí, que mostra um bebê segurando um cassetete e algemas:

De acordo com Ariel, a exibição da imagem viola o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê pena de seis meses a dois anos para quem submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento.


“A criança é colocada em uma situação constrangedora, vexatória. Foi exposta com uma arma, ainda que não seja uma arma de fogo, mas armas usadas para reprimir, como o cassetete e a algema para prender”.

No mesmo dia, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que as fotos publicadas nas redes sociais são enviadas por internautas e que a farda policial simboliza “honra” e “civismo”.

No dia seguinte à polêmica causada pela foto, outros pais começaram a publicar fotos de seus filhos usando farda. Como foi o caso de uma família de Brasília, mostrada aqui!

A foto da capa da revista Nova Escola

 

A imagem do garoto vestido “de menina” na capa de uma revista saiu na edição de fevereiro de 2015da revista Nova Escola. Lançada no dia 11, a edição convidou os educadores para o debate sobre questões de gênero e sexualidade e, para isso, a foto do britânico Romeo Clarke, de 5 anos, vestido com uma fantasia de princesa foi a escolhida com o intuito de provocar os leitores! A escolha deu certo, pois a edição foi a mais comentada de toda a história da revista, que teve uma tiragem recorde.

Uma curiosidade: A reportagem traz também um link para download do “Escola sem Homofobia”, que foi um material didático que ficou conhecido como “kit gay” e teve que sua distribuição suspensa pelo governo federal em 2011.

Com essa edição, a revista Nova Escola ganhou o prêmio de melhor capa de revista do ano de 2015 – através de votação do júri popular (ou seja. foi o povo que escolheu) – pela ANER (Associação Nacional de Editores de Revistas).
Edição da Revista Nova Escola ganhou o prêmio de melhor capa de 2015 pelo júri popular! (foto: Divulgação/ANER/Lucíola Okamoto Mikio)
Conclusão

O texto compartilhado no Facebook mistura dados reais com inverdades para atrair mais likes e compartilhamentos! A foto que foi criticada pelos Direitos Humanos é de um bebê fardado ao lado de algemas e um cassetete e não essa do casal de crianças fardado. Já, a capa do menino com roupa de princesa foi eleita a melhor de 2015 pelo júri popular!

*Com a colaboração do amigo Rodrigo Portillo, através do nosso grupo no Facebook!
Postagem original feita no site E.Farsas.com 

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