A operação
entra em um novo ciclo, que envolve agentes políticos que não contam com foro
privilegiado. Os ex-deputados federais André Vargas, Luiz Argôlo e Pedro Corrêa
estão entre os denunciados
Com
informações do site do Ministério Público Federal - 14/05/2015
A Força-tarefa
Lava Jato do Ministério Público Federal apresentou três novas denúncias nesta
quinta-feira, 14 de maio, em Curitiba. No total, 13 pessoas foram denunciadas,
das quais dez pela primeira vez. Entre elas, estão os ex-deputados André Vargas,
Luiz Argôlo, Pedro Corrêa e sua filha, Aline Corrêa.
Esta é a
primeira denúncia da Força-tarefa que envolve agentes políticos. Anteriormente,
foram denunciados empresários, agentes públicos (funcionários de órgãos e
empresas públicas) e operadores (do mercado financeiro). “Hoje é um dia
simbólico, porque nós começamos a fechar um ciclo. Haverá novas denúncias,
novas acusações criminais em relação aos diferentes núcleos criminosos, mas
hoje é o primeiro dia em que a Procuradoria da República oferece acusações
criminais contra pessoas que estão dentro do núcleo político”, afirmou o
procurador da República Deltan Martinazo Dallagnol. “O esquema, como nós
sabemos, era pluripartidário. Os principais partidos envolvidos, com as provas
disponíveis até este momento, são PP, PMDB e PT”, complementou.
Caixa
Econômica e Ministério da Saúde – Na denúncia oferecida contra o
ex-deputado federal André Vargas (PT), foram denunciados também seus irmãos
Leon e Milton Vargas e o publicitário Ricardo Hoffmann, diretor da filial de
Brasília da agência de publicidade Borghi Lowe, todos pelos crimes de
organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva.
O esquema
criminoso envolvia contratos de publicidade entre a Borghi Lowe e dois órgãos
públicos: a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde. Segundo esses
contratos, a agência deveria realizar “o estudo, o planejamento, a
conceituação, a concepção, a criação, a execução interna, a intermediação e a
supervisão da execução externa e a distribuição” das campanhas de publicidade
do ministério e da Caixa. Esses contratos eram obtidos com a influência do
ex-parlamentar.
A Borghi Lowe
selecionava produtoras que eram então subcontratadas pelos órgãos e, como
intermediária, recebia cerca de 10% dos valores pagos às subcontratadas,
prática conhecida no mercado como “bônus de volume”. De acordo com a orientação
do publicitário Ricardo Hoffmann, os bônus eram depositados nas contas das
empresas Limiar Consultoria e Assessoria e LSI Soluções em Serviços Empresariais,
controladas por André Vargas e seus irmãos, Leon e Milton Vargas.
As
investigações comprovaram que tanto a Limiar como a LSI eram empresas “de
fachada”, que só funcionavam para receber as vantagens indevidas prometidas ao
ex-deputado pela influência na obtenção dos contratos de publicidade.
Funcionária
fantasma – Ex-presidente do PP e cassado em 2006 por seu envolvimento no
escândalo do Mensalão, Pedro Corrêa encabeça outra denúncia da Força-tarefa
Lava Jato no núcleo dos agentes políticos. Ele, seu filho Fábio Corrêa, sua
nora Márcia Danzi, Alberto Youssef, Ivan Vernon e Rafael Ângulo Lopes foram
denunciados por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, peculato e
organização criminosa.
Como um dos
líderes do PP, Pedro Corrêa foi um dos políticos que negociou a nomeação de
Paulo Roberto Costa como diretor de abastecimento da Petrobras. Nessa denúncia,
é imputada ao ex-deputado a coautoria de todos os atos de corrupção passiva
praticados por Costa na Petrobras e também a corrução passiva por cada um dos
recebimentos de vantagens indevidas. Todos os demais , exceto Aline Corrêa,
também foram denunciados por lavagem de dinheiro com o objetivo de dissimular e
ocultar a origem ilícita dos valores desviados da estatal.
Pedro Corrêa,
sua filha, a também ex-deputada Aline Corrêa e Ivan Vernon (ex-chefe de
gabinete) foram denunciados por crime de peculato por vários fatores, entre
eles a contratação de uma empregada doméstica, sem formação técnica, como
secretária parlamentar para desviar seu salário. Ela sequer sabia que era
contratada do gabinete. Além disso, a Força-tarefa denunciou Alberto Youssef e
Paulo Roberto Costa por organização criminosa, Pedro Corrêa como líder do PP no
esquema, Rafael Angulo como empregado de Youssef e Ivan Vernon, Fábio Corrêa (filho
de Pedro) e sua esposa Márcia Danzi por participação na lavagem de dinheiro.
Pagamentos de
propina – A denúncia contra Luiz Argôlo, também ex-deputado pelo PP,
Alberto Youssef, Rafael Angulo Lopez e Carlos Alberto Pereira da Costa detalha
a participação em crimes de corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de
dinheiro. Utilizando contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas, Luiz
Argôlo recebeu vantagens indevidas do doleiro Alberto Youssef, decorrentes do
esquema de pagamento de propinas em prejuízo da Petrobras e de outros crimes
financeiros praticados por Alberto Youssef. Para esses pagamentos, Youssef
utilizava seu mensageiro Rafael Angulo Lopez.
Luiz Argôlo
também desviou recursos públicos da sua cota como parlamentar para custear
viagens de interesse exclusivamente particular e ilícito a São Paulo, nas quais
visitou o escritório de Youssef. Além disso, o doleiro entregou R$ 520 mil para
que o ex-deputado adquirisse um helicóptero. Na tentativa de encobrir a
ilicitude, a compra foi realizada por Carlos Alberto Pereira da Ccosta em nome
da GFD Investimentos, empresa de Youssef.
Medidas
institucionais – O procurador da República Deltan Dallagnol ressalta ainda
a necessidade de reformas que auxiliem a combater a corrupção. “Já passou mais
de um ano da descoberta desse esquema criminoso e nenhuma medida institucional
à altura foi adotada para combater a corrupção em termos de país. Nós
precisamos de reforma política, de reforma do sistema jurídico e isso é algo
com que a sociedade e os órgãos devem contribuir. Com esse objetivo, o
Ministério Público Federal propôs dez medidas para o Congresso e a sociedade
para combater a impunidade e a corrupção”.
Denunciados
André Luiz Vargas Ilário (André Vargas)
Leon Dênis
Vargas Ilário
Milton Vargas
Ilário
Ricardo
Hoffmann
Pedro Corrêa
Aline Corrêa
Fábio Corrêa
Márcia Danzi
van Vernon
lberto Youssef
Rafael Angulo
Lopez
Luiz Argôlo
Carlos Alberto
Costa
Veja a íntegra
das denúncias no Especial Lava Jato.
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