O uso da faixa
de 700 mega-hertz (MHz) para internet móvel com tecnologia de quarta geração
(4G) poderá resultar em interferências na TV digital brasileira. O alerta foi
dado hoje (8) por representantes de três entidades do setor de radiodifusão ao
presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Batista
Rezende, e tem por base um estudo feito pelo governo japonês. Segundo as
entidades, os gastos com filtros para televisores e celulares superaram a marca
dos US$ 3 bilhões.
Atualmente, a
faixa de 700 MHz é ocupada por emissoras de televisão analógicas. Elas terão de
desocupar a faixa e passar a transmitir por meio de sinal digital antes do
início da prestação de serviços 4G nesta faixa. A previsão é de que o leilão
desta faixa seja realizado em 2014.
De acordo com
o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert),
Daniel Slaviero, os estudos feitos no Japão, que já disponibiliza 4G pela faixa
de 700 Mhz, mostram a necessidade do uso de filtros, tanto nos aparelhos de TV
digital (ou conversores), como nos celulares.
“Desde 2011 os
aparelhos japoneses precisam de filtros. Queremos que isso seja levado em conta
tanto para a formatação da consulta pública como para o edital [a ser lançado].
Até porque o Japão é um país que já usa o sistema digital a ser adotado pelo
Brasil”, disse Slaviero.
Segundo ele,
ao apresentarem o estudo japonês, a intenção das três entidades – Associação
Brasileira de Radiodifusores (Abra), Associação Brasileira de Rádio e Televisão
(Abratel), além da Abert – não é apresentar “uma situação alarmista”, mas sim
uma preocupação do setor.
“Nossas principais
preocupações estão relacionadas à definição de qual será a banda de guarda
necessária para evitar essas interferências e a definição de que eventuais
custos sejam de responsabilidade de quem comprará a faixa [no leilão previsto
para o ano que vem]”, disse. Não há ainda qualquer estimativas sobre o custo da
adaptação dos aparelhos no Brasil. No Japão já foram gastos pelo menos US$ 3
bilhões com medidas para evitar essas interferências.
Segundo o
presidente da Anatel, o estudo apresentado será levado em consideração. No
entanto, Rezende lembrou que há diferenças entre os dois países e, portanto, a
decisão da agência levará em conta outros três estudos que estão sendo feitos
no Brasil: um pela própria Anatel; um pelo Sindicato Nacional das Empresas de
Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil); e outro pela
Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET).
“A questão da
densidade populacional no Japão, por exemplo, é bem diferente da daqui. Claro
que o estudo deles é importante, mas temos de aguardar nossos testes. Não temos
nenhum interesse em causar interferências de sinal, e a orientação do
Ministério das Comunicações é que o processo não prejudique a indústria da
radiodifusão. Portanto, nossos técnicos certamente apresentarão a solução para
evitar problemas desse tipo”, disse Rezende.
Segundo a
Anatel, não há ainda previsão oficial de conclusão destes testes. “Eles têm de
ser concluídos o mais rápido possível. De preferência antes do meu mandato
terminar”, disse o presidente da Anatel. A expectativa, portanto, é de que até
setembro eles sejam concluídos.
Agencia Brasil
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