O Conselho Nacional de Promoção da
Igualdade Racial (Cnpir), órgão vinculado à Secretaria de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir), divulgou hoje (8) noDiário
Oficial da União moção em repúdio à eleição do deputado Pastor Marco
Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e
Minorias (CDHM). O líder do PSC, deputado André Moura (SE), disse que a
manifestação não muda em nada a decisão tomada pela comissão e pela Câmara.
No documento, assinado pela ministra
Luiza Helena Bairros, que preside o conselho, o órgão se manifesta publicamente
contrário à eleição de Feliciano. “Tal indicação contraria os propósitos da
referida Comissão, assim como os princípios básicos dos direitos humanos, uma
vez que a trajetória e a postura do deputado em relação à população LGBT
[lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais] e à população negra
se revelam preconceituosas e excludentes, causando insatisfação aos mais
diversos segmentos sociais”, diz trecho da moção.
O conselho considera ainda
“inaceitável” a permanência do pastor à frente da CDHM: “Considerando os
avanços do Brasil no campo dos direitos humanos, o Cnpir entende como
inaceitável a permanência do deputado Marco Feliciano na presidência da
Comissão dos Direitos Humanos, visto que afronta os princípios de liberdade,
respeito e dignidade da pessoa humana, que devem ser assegurados, independentemente,
do pertencimento racial e da orientação sexual”.
O líder do PSC ressaltou à Agência
Brasil que a eleição do deputado Feliciano ocorreu dentro da legalidade e
que os Poderes são independentes. “Respeito a nota do conselho, a posição da
ministra mas, nesse caso, a posição não interfere em nada no posicionamento do
partido e da Câmara Federal. A Câmara é um Poder independente, tem suas regras
próprias, seu regimento interno. Ele foi eleito obedecendo o regimento e a
proporcionalidade que coube ao PSC para indicar o presidente da Comissão de
Direitos Humanos”, frisou o líder.
Moura voltou a defender um voto de
confiança a Feliciano. Segundo ele, o deputado já pediu desculpas pela
declarações “que possam ter sido mal-interpretadas” e negou que seja racista ou
homofóbico. “Ele já se desculpou, mas ele tem seus pontos de vista, sua lutas e
tem que ser respeitado. Ele está legitimado por aqueles que o elegeram e as
críticas ao pastor já formam explicadas. O que se deve agora é dar a
oportunidade para que ele presida a comissão, sem fazer julgamentos
antecipados. Nas sessões que ele conseguiu presidir, conduziu os trabalhos
dando abertura de diálogo a todos que quiseram ir lá, de forma respeitosa, sem
agressão e sem ofensas”, argumentou o líder do PSC.
Amanhã (9), o deputado Pastor Marco
Feliciano participa da reunião do colégio de líderes da Câmara para discutir a
situação da Comissão de Direitos Humanos. Os líderes tentarão convencer o
pastor a renunciar sob o argumento de que ele não tem condições políticas de
comandar o colegiado. Já Feliciano disse que não deixará o cargo.
Na semana passada, a CDHM
aprovou requerimento que torna as sessões do colegiado fechadas ao público
permanentemente, a pedido do presidente da comissão. A medida visa a impedir o
acesso de manifestantes contrários ao deputado Pastor Marco Feliciano. Só
poderão acompanhar os trabalhos deputados, assessores, convidados e imprensa.
Agência Brasil
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