quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Estudo do Ipea indica que o Brasil Carinhoso acelera redução da pobreza extrema

Brasília – O número de pessoas em situação de pobreza extrema, ou seja, com renda de até R$ 70 por mês, poderia representar menos de 1% da população brasileira, se o Programa Brasil Carinhoso tivesse sido implementado no ano passado. O cálculo é resultado de uma simulação divulgada hoje (26), em Brasília, por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Atualmente, as famílias vivendo em situação de pobreza extrema representam 3,4% dos mais de 190 milhões de brasileiros. Pelas contas do Ipea, sem os benefícios de complemento de renda pagos pelo Programa Bolsa Família, essa taxa seria superior a 5%.

Rafael Guerreiro Osório, pesquisador do instituto, explicou que o possível “salto de efetividade” do programa - que objetiva a erradicação da pobreza extrema - é explicado pelas mudanças no cálculo do benefício. Mesmo recebendo recursos do Bolsa Família, muitas famílias não tinham renda própria ou os rendimentos eram tão baixos que, apesar da transferência do valor, seus integrantes não conseguiam chegar aos R$ 70 mensais.

“A introdução do Programa Brasil Carinhoso em 2012 alterou o desenho de benefícios e considera famílias que não chegariam à linha mínima de renda e calcula quanto falta”, disse Osório. Segundo argumenta, “não é possível calcular o benefício apenas por família, tem que considerar a renda per capita para ser efetivo”.

O Programa Brasil Carinhoso foi lançado em 14 de maio passado pela presidenta Dilma Rousseff, com um pacote de medidas para tirar da miséria crianças até 6 anos de idade e previsão de investimentos de R$ 10 bilhões até 2014.

Como o foco do Brasil Carinhoso está voltado para as famílias que não conseguiriam elevar suas rendas mesmo com as transferências calculadas pela composição familiar, o valor dos benefícios passou a considerar a diferença entre a renda com os repasses tradicionais do programa e a faixa mínima definida como de extrema pobreza (R$ 70 per capita, mensais).

O pesquisador destacou que as contas que apontam uma redução da taxa da extrema pobreza no país são resultados de simulações. “Não é uma previsão de futuro. Não podemos afirmar que a taxa será de menos de 1%, mas, com certeza, podemos afirmar que a redução de pobreza, pela mudança do desenho de benefícios, será bem maior do que a que seria obtida com os desenhos anteriores”.

Desde a criação do Bolsa Família, as regras de concessão de benefícios e os reajuste de valores já foram alteradas várias vezes. As mudanças mais significativas, segundo analistas sociais, foram a extensão dos cálculos para jovens de 16 e 17 anos, em 2007, e a ampliação do número de crianças consideradas para o cálculo do repasse, que passou de três para cinco em 2011.

Na avaliação dos pesquisadores do Ipea, a ampliação da participação de famílias com crianças e jovens na distribuição dos benefícios sinaliza um novo modelo de política social. De acordo com estas avaliações, os investimentos sociais que, durante a década de 1990, estavam voltados para a população idosa, passam a se concentrar nas crianças e jovens.

“Olhando qualquer indicador social, a taxa de pobreza infantil é superior à das outras linhas, mesmo quando se considera a renda doméstica dividida igualmente entre as pessoas de uma família”, disse Marcelo Neri, presidente do Ipea.

Para Neri, a política social brasileira “ainda é mais curativa e pouco preventiva”, mas os indicadores têm sinalizado mudanças nos últimos dez anos. “Os indicadores ainda mostram que as crianças estão em uma liga inferior, mas há sinais de que este gap [palavra inglesa que significa lacuna, nesse caso, a diferença entre as faixas etárias] está diminuindo e o Brasil Carinhoso é um diferencial”, concluiu.

14/05/2012

Com o Brasil Carinhoso, o governo está aprimorando as políticas de transferência de renda e proteção social, diz Dilma

Ao lançar hoje (14) oficialmente o Programa Brasil Carinhoso, pacote de medidas para tirar da miséria crianças até 6 anos de idade e que prevê investimentos de R$ 10 bilhões até 2014, a presidenta Dilma Rousseff disse que o governo está aprimorando as políticas de transferência de renda e proteção social para atingir um das faixas da população mais vulneráveis à extrema pobreza. 

Segundo Dilma, as medidas, anunciadas ontem (13), em pronunciamento em rede nacional para o Dia das Mães, pretendem reverter “o absurdo que é uma mãe, com a função transcendental de gerar a vida, e que um filho, que é o futuro, estarem tão vulneráveis à doença e ao abandono, aos males e malefícios da pobreza extrema”.

“Essa é das umas das ações mais efetivas, importantes, no combate imediato à pobreza na primeira infância, e ao mesmo tempo é uma afirmação que o Estado brasileiro tem um compromisso e um dever com suas crianças, no sentido de cuidar, e o reconhecimento de que o bem mais precioso de um país são as suas crianças, são as pessoas”, disse.

A principal medida será a ampliação de recursos do Programa Bolsa Família para garantir renda mensal mínima de R$ 70 para cada pessoa das famílias que têm pelo menos uma criança até 6 anos. A complementação, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), deve beneficiar de imediato pelo menos 2 milhões de famílias.

“Quando a gente garante a renda mínima a cada membro de uma família que vive na extrema pobreza, estamos reconhecendo que somente é possível retirar uma criancinha da miséria se retiramos junto com ela toda a sua família, sem isso é impossível”, declarou a presidenta.
Segundo o MDS, a medida vai ter reflexos positivos em outras faixas etárias e terá impacto imediato de 40% na redução da extrema pobreza no Brasil. “A família será fortalecida. Teremos um impacto generalizado em todas as faixas de idade”, avaliou a ministra Tereza Campello. A mudança no valor do benefício começa a valer a partir de junho.
O Brasil Carinhoso também inclui a construção de 1.512 creches e a ampliação em 66% dos recursos destinados à merenda escolar da educação infantil. O governo vai adiantar os recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) destinados às prefeituras para estimular a abertura de novas vagas e para cada criança do Bolsa Família matriculada na creche ou pré-escola, as prefeituras receberão uma complementação anual de R$ 1.362.

Na área de saúde, o Brasil Carinhoso vai estender o Programa Saúde na Escola às creches e pré-escolas e expandir a distribuição de sulfato ferroso e vitamina A para crianças na primeira infância. O governo também vai passar a distribuir gratuitamente, por meio da rede Aqui Tem Farmácia Popular, medicamentos para tratar asma em crianças.

Durante o discurso, Dilma citou as economias europeias em crise, principalmente a Grécia, França parte da Alemanha, que põem em xeque alguns modelos econômicos, e disse que os investimentos do Brasil em desenvolvimento social são fundamentais para que o país possa conciliar crescimento econômico e redução das desigualdades.

“Temos que ter muito orgulho de termos esse foco social e de termos encontrado as formas de construir, com muita clareza, com muita justeza, esse caminho, que é o desenvolvimento econômico com uma ampla e inquestionável justiça social”, ressaltou.

A ampliação dos recursos do Bolsa Família será feita por medida provisória, assinada hoje pela presidenta, e que será encaminhada ao Congresso Nacional.

Agência Brasil

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