domingo, 26 de fevereiro de 2012

Aberração sob o teto do Senhor


Por Leila Cordeiro*
Um velho ditado afirma que “de técnico de futebol, médico e louco , todo mundo tem um pouco”.  Mas eu vou além disso, todo mundo também palpita quando o assunto é religião e cada um a encara de um jeito diferente, de acordo com a fé que pratica ou não.
Sinceramente, e isso é uma opinião minha, acho que ultimamente as pessoas andam afastada das religiões e isso não é difícil de entender. Afinal, são tantas e tão graves denúncias contra padres, pastores e outros religiosos que não há fé que resista a tanta decepção.
As notícias estão aí, quase todos o dias. São religiosos acusados de abusar de crianças, pedófilos ultrajantes, sujos e vis, comungando junto com inocentes fiéis que apenas queriam um porta-voz de Deus para orientá-los sobre o  melhor caminho a seguir.
Inacreditável que possa haver tamanha aberração sob o teto do Senhor.  Tem gente que coloca esses seres de personalidades distorcidas como exceção à regra,  mas as exceções são tantas que viraram regra e  fazem  tremer  a credulidade de nossas bases e convicções.
Sem dúvida,  um caminho triste e nebuloso trilhado por padres católicos e pastores e bispos de seitas e igrejas que se autointitulam “pentecostais progressivas”.
Essas últimas só faltam mandar a fatura da fé para a casa dos coitados dos fiéis,  que chegam a se atolar em dívidas para poderem  pagar o tributo/dízimo cobrado pelas bençãos divinas apregoadas com a maior cara de pau por esses verdadeiros “agiotas religiosos”. Sim, porque é como se estivessem cobrando o empréstimo de dádivas concebidas por Deus que eles personificam como se fosse um ser material, interessado apenas em receber.
É por essas e por outras que, cada vez mais, as pessoas vem procurando respostas no sobrenatural, querendo saber quem vai pagar a conta pela sua própria existência. E é aí que as convicções sobre a vida após a morte vem ganhando força. Em livros ou filmes, hoje há um diálogo natural sobre a sobrevivência da alma sobre o corpo perecível .
Evidentemente,  não vou traçar aqui uma discussão sobre o tema, apenas lembrar que o sempre tão combatido espiritismo tem sido importante no cenário mundial na medida em que ele não exige nada, não cobra nada e nem enriquece ninguém.
Chico Xavier, uma das maiores personalidades da doutrina espírita dos tempos modernos, morreu deixando como legado material uma cama com colchão velho e duro, uma peruca que escondia a calvície precoce e uma casinha lá no interior de Minas. A mesma onde morou por tantos e tantos anos de renúncia, atendendo millhares de pessoas que o procuravam em busca de alívio e consolo .
É revoltante ver que a cada dia as pessoas estão se  “desvangelizando”, porque não adianta louvar a Deus aqui e desrespeitá-lo ali adiante, não adianta pregar falsos conceitos só para sair bem na foto, quando as atitudes não combinam com as palavras, não adianta querer convencer a quem está atento que o caminho é aquele a seguir, quando o próprio conselheiro  já está “ no desvio” há muito tempo.
Parece simplório dizer isso, mas é a única palavra que me ocorre. É muito triste ver a deterioração do ser humano em todos os sentidos, mas principalmente no que diz respeito à fé. Desde que o mundo é mundo, nos primórdios dos primatas e das eras palenteológicas, todo ser vivo precisa crer em alguma coisa.
Hoje, com tanta tecnologia e modernidade, parece que estamos voltando aos tempos da escuridão com uma fé de oportunidade e o interesse material muito acima do espiritual. Parece que o mundo está de cabeça pra baixo e nós, pobres servos mortais, estamos pendurados  junto com ele sob o julgo  daquela célebre frase: “cada um por si, Deus por todos”...assim mesmo se deixarem que ele nos ajude!
Abaixo um vídeo que procuro assistir todas as vezes em que me recordo das aberrações da fé, seja ela, qual for.

Leila Cordeiro* Começou como repórter na TV Aratu, em Salvador. Trabalhou depois nas TVs Globo, Manchete, SBT e CBS Telenotícias Brasil como repórter e âncora. É também artista plástica e tem dois livros de poesias publicados: "Pedaços de mim" e "De mala e vida na mão", ambos pela Editora Record. É repórter free-lancer e sócia de uma produtora de vídeos institucionais, junto com Eliakim Araujo, em Pembroke Pines, na Flórida.

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