Partidos da
oposição e da base aliada do governo manifestaram-se, há pouco, no Supremo
Tribunal Federal (STF), sobre a validade das regras que regem o processo
de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A participação dos
partidos foi autorizada pelo ministro Edson Fachin, relator do processo no qual
o assunto é discutido, como "amigos da Corte", por se tratar de um
tema que afeta diretamente a atividade legislativa.
As legendas se
manifestaram, principalmente, sobre a decisão do presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que determinou votação secreta para eleição
da comissão especial do impeachment, última fase atingida antes da decisão
de Fachin, que determinou a suspensão da tramitação do processo. A questão
sobre defesa prévia de Dilma antes da decisão de Cunha que deflagrou o impeachment também
foi discutida.
Segundo o
advogado do PT, Flávio Caetano, o partido defende que o rito seja seguido dentro
da legalidade. Caetano acusou o presidente da Câmara de "chantagem
explícita", por deflagrar o procedimento de impeachment de forma
sumária, sem que a presidenta pudesse apresentar defesa prévia. Para a defesa,
Cunha deu "voz aos denunciantes e silêncio à presidente da
República."
Para o
representante do PSDB, Flávio Henrique Pereira, a decisão da Corte será
importante para desconstituir o discurso de que o impeachment, previsto na
Constituição , é "um golpe". Pereira também defendeu que eventual decisão
do plenário da Câmara a favor do impeachmentdeve ser seguida pelo Senado.
"A decisão é vinculativa ao Senado, não poderia ser diferente. É tão certo
que o papel é vinculativo que a Câmara dá início ao processo, o presidente do
Senado se afasta, e o presidente do Supremo preside o processo."
Outro partido
de oposição, o DEM, defendeu a votação por voto secreto para eleição da
comissão especial do impeachment.
Já o PSOL
ressaltou que a Lei 1079/50 não foi recepcionada pela Constituição de 1988, por
não prever direito de defesa prévia no processo de impeachment. Para a
Rede, todas votações previstas no procedimento de impeachment devem
ser abertas. No entendimento da legenda, o Senado é obrigado a dar seguimento
ao processo se o plenário da Câmara se posicionar a favor. A União Nacional dos
Estudantes (UNE) pediu que os ministros garantam defesa prévia a presidenta e
que se exija quórum de dois terços em todas as votações no plenário da Câmara e
do Senado.
A pedido do
PCdoB, a Corte julga hoje a validade da Lei 1.079/50, que regulamentou as
normas de processo e julgamento do impeachment, e alguns artigos do Regimento
Interno da Câmara dos Deputados.
As principais
regras que serão discutidas pelos ministros são a defesa prévia da presidenta
Dilma Rousseff antes da decisão de Eduardo Cunha, a votação secreta para
eleição da comissão especial do processo pelo plenário da Casa, a eleição da
chapa avulsa para composição da comissão e a prerrogativa do Senado de arquivar
o processo de impeachment, mesmo se a Câmara decidir, por dois terços dos
deputados (342 votos), aceitar o julgamento do crime de responsabilidade.