segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Vilarejo que restou após rompimento de barragens lembra cidade fantasma


Poucas ruas e casas do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), resistiram ao rompimento de duas barragens da mineradora Samarco na última quinta-feira (5). Em meio ao cenário de muita lama, barro e destruição, o que restou lembra uma cidade fantasma. É possível escutar, em meio à desolação, apenas o canto dos pássaros e o barulho das máquinas que abrem acesso para as equipes de resgate.

Na parte alta da comunidade, uma das poucas casas com movimentação é a de Edirleia Marques, 38 anos, e Marcílio Ferreira, 41 anos. A dona de casa e o operador de máquinas moravam na região com os dois filhos, de 10 e 2 anos, e tem voltado ao local desde sexta-feira (6) para auxiliar bombeiros e homens da Defesa Civil e do Exército nas buscas.

A antiga moradia do casal agora funciona como um ponto de apoio para as equipes que trabalham em Bento Rodrigues. Numa rápida volta pela residência, é possível ver um velotrol e um cavalinho de madeira do filho caçula. Na sala, o sofá e a televisão permanecem no mesmo lugar onde foram deixados, assim como a mesa de seis lugares da família.

Há pelo menos três dias, Edirleia e Marcílio ajudam os homens do resgate a se localizar no que restou da comunidade. Na memória de cada um, permanece fresca a lembrança de onde viviam vizinhos e moradores do distrito que seguem desaparecidos. "É ruim ir embora. A gente quer acreditar que está tudo como antes. Ainda me sinto confortável aqui", contou Edirleia.

No momento em que a lama atingiu Bento Rodrigues, os filhos do casal estavam em casa. A mãe estava na parte mais baixa da comunidade, devastada pela lama e pelo barro, mas voltou correndo para retirar a família do local. "Meu filho mais novo me pergunta muito sobre a casa. Já o mais velho, que sempre foi calado, não fala muito. Mas ele viu a coisa toda. Viu as casas sumindo, as pessoas correndo", lembrou a mãe.

Apesar do trauma, marido e mulher garantem que estarão de volta à casa nos próximos dias para auxiliar as equipes de resgate - e também numa tentativa de se apegar ao local onde nasceram, cresceram, se conheceram e começaram uma família. De mãos dadas, eles caminhavam pelas ruas e observavam em silêncio a devastação que tomou conta do local.

"Vamos voltar sempre que possível. Quero estar aqui de novo no dia seguinte. É muito difícil sair de um lugar onde a gente se sentia tão bem", disse Marcílio, em um dos poucos momentos em que conversou com a equipe de reportagem.

Bird estima que alterações climáticas poderão levar milhões para a pobreza


Mais 100 milhões de pessoas estarão vivendo na pobreza extrema até 2030 se não for tomada qualquer ação para limitar o impacto do aquecimento global, indicou um novo relatório do Banco Mundial (Bird).

"Sem desenvolvimento 'climático inteligente', as alterações climáticas podem empurrar mais de 100 milhões de pessoas para níveis de pobreza extrema em 2030", de acordo com o documento, publicado a menos de um mês da conferência de Paris sobre o clima COP21.

O impacto será particularmente forte no Continente Africano, onde as alterações climáticas podem levar a um aumento dos preços dos alimentos na ordem dos 12% em 2030.

Este será "um golpe muito duro para uma região onde o consumo alimentar dos agregados familiares mais pobres representa mais de 60% das despesas", diz o Bird.

Na Índia, a destruição de culturas agrícolas e a proliferação mais rápida das doenças resultantes da desregulação climática poderá deixar 45 milhões de pessoas na pobreza extrema, a viver com menos de 1,90 dólares (1,80 euros) por dia.

Saúde
Um aquecimento planetário de entre 2 graus a 3 graus centígrados, relativamente à era pré-industrial - superior ao objetivo de mais 2 graus centígrados da comunidade internacional - poderá aumentar em 5% o número de habitantes expostos ao paludismo (malária), ou seja, um aumento de 150 milhões de pessoas, de acordo com o relatório do Bird.

A incidência de doenças diarreicas ameaça subir 10% nos próximos 15 anos, dia ainda o documento do banco, que pede um desenvolvimento "consciente do clima, rápido e solidário".

"A longo prazo, apenas uma ação internacional imediata e apoiada, com vista a reduzir as emissões mundiais de gases com efeito de estufa, permitirá proteger milhões de pessoas da pobreza", afirma a instituição.

O Banco Mundial pede aos países ricos ajuda no financiamento nas nações do Sul de medidas atenuantes do impacto do aquecimento climático.

A conferência de Paris (COP21), que começa no dia 30 de novembro, tem como objetivo conseguir um acordo internacional que limite as emissões de gases com efeito de estufa.

Movimentos fazem manifesto contra o ajuste fiscal e Eduardo Cunha


Cerca de 600 pessoas, segundo a Polícia Militar, compareceram na tarde deste domingo (8) ao ato de lançamento da Frente Povo Sem Medo, contra o ajuste fiscal e pela destituição de Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados, na Avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp).

Representantes de 27 movimentos sociais fizeram discursos em cima de um trio elétrico, antes de iniciar uma marcha rumo ao Parque Ibirapuera, por volta das 15h40. Várias viaturas e motocicletas da PM estavam de prontidão nas proximidades, mas o ato seguiu pacífico.

“Somos contra o ajuste fiscal porque ele está cortando os direitos trabalhistas, está cortando os programas sociais e está fazendo o trabalhador pagar a conta pela crise [econômica brasileira]”, defendeu um dos organizadores, Guilherme Boulos. O líder social também justificou que o ato também defende a saída de Cunha por causa das medidas “antipopulares e conservadoras” tomadas pelo parlamentar.

Com faixas e cartazes de movimentos sociais, com participação, principalmente, de ativistas do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a marcha seguiu o carro do trio elétrico, provocando morosidade nas ruas próximas da Avenida Paulista.

Em Brasília, cerca de 100 manifestantes ocupou parte do gramado em frente ao Congresso Nacional. Eles também reivindicam a saída de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados e protestam contra o ajuste fiscal do governo.



O grupo é o mesmo que há alguns dias entrou em confronto com outros manifestantes do Movimento Brasil Livre, que está acampado no mesmo gramado pedindo o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Para evitar novos confrontos, a Polícia Militar formou um cordão de isolamento entre as duas manifestações e escoltou a descida dos ativistas que compõem a Frente Povo Sem Medo.

Apesar de alguns relatos de provocações de ambas as partes, o protesto aconteceu sem confrontos entre os dois grupos. Um incidente entre manifestantes que compunham a frente, que iniciaram uma briga envolvendo três pessoas, terminou com três manifestantes detidos. O coordenador do grupo, Eduardo Borges, no entanto, disse “desconhecer” os envolvidos.

De acordo com a coordenadora nacional do MTST, Maria Almeida, o objetivo da manifestação não era provocar o grupo contrário e sim “dizer que o povo não vai pagar a conta pela crise”, além de protestar contra a “criminalização dos movimentos sociais” e defender “a saída do Cunha”.

“Do nosso ponto de vista de movimentos sociais, eles [grupo pró-impeachment] têm o direito de estar aqui. Nós somos um movimento pacífico”, disse. Segundo ela, o ato não era a favor do governo, nem em defesa da presidenta Dilma Rousseff. “Nossa pauta é essa, o governo que pegue a parte que lhe cabe”, disse.

Coordenador do Movimento Brasil Livre, Alexandre Paiva, também considerou que o protesto da Frente Povo Sem Medo é um “direito democrático de livre manifestação”, e disse acreditar que a polícia seria suficiente para manter o clima de paz.

“Hoje as lideranças disseram que vão ficar pacificamente. Esperamos que siga assim e depois voltem para as casas deles. Nós vamos ficar indefinidamente, até que o processo de impeachment seja colocado em votação”, disse.

Coordenando os trabalhos da PM, o tenente-coronel Rodrigues Ferreira disse ter conversado com as lideranças de ambos os lados para garantir que não houvesse confrontos. “A Esplanada é livre. Há uma área de segurança nacional que não pode ser ultrapassada, mas até aqui a Constituição está sendo respeitada. Todos são livres para se manifestar”, disse.

"Esperança vai diminuindo" em encontrar sobreviventes, diz governador de MG


O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel , disse ontem (8) que a prioridade é buscar as 28 pessoas desaparecidas por causa do rompimento das barragens de rejeito da mineradora Samarco, mas que as chances de serão encontradas com vida estão diminuindo. “A gente pode, quem sabe, localizar alguém que fugiu que ficou perdido em alguma localidade, que não foi encontrado. Não quero tirar a esperança de ninguém, pode ser que a gente consiga achar alguém com vida ainda, mas a medida que o tempo vai passando a esperança vai diminuindo”, afirmou em entrevista à imprensa em Mariana (MG). O rompimento das barragens destruiu o distrito de Bento Rodrigues, que fica na zona rural de Mariana.

Dos 28 desaparecidos, 13 são funcionários de empresas que prestam serviços à mineradora Samarco, e 15 são moradores do distrito. Entre eles, um bebê de 3 meses e um homem de 70 anos. Até o momento, há confirmação de uma morte.

A causa do rompimento das duas barragens, segundo o governador, ainda não foi esclarecida. A barragem de Fundão, ressaltou, estava licenciada e não apresentava nenhuma falha aparente nesse aspecto. O governador reconheceu que é preciso melhorar os protocolos de emergência, com a exigência dos alarmes sonoros que lembrou não são obrigatórios de acordo com legislação vigente. As barragens concentravam resíduos do processo de mineração.

A ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, também está na região. Ela visitou famílias desabrigadas que foram levadas para três hotéis de Mariana e discutirá com os municípios envolvidos e com governo do Estado o cumprimento das orientações do Protocolo Nacional Conjunto para Proteção Integral a Crianças e Adolescentes, Pessoas Idosas e Pessoas com Deficiência em Situações de Riscos e Desastres, lançado em 2012. O documento traz diretrizes e orientações para a garantia plena de direitos para essas pessoas em situações de desastre como, por exemplo, garantias a benefícios socais e, no caso de crianças e adolescentes, que eles continuem frequentando a escola.

Passagem da lama
Segundo boletim divulgado hoje pelo Serviço Geológico do Brasil, primeiro indício da mudança do nível do Rio Doce na estação de monitoramento de Governador Valadares (MG) foi verificado às 11h30. A próxima estação de monitoramento a ser atingida pela onda de cheia é Tumiritinga (MG), que fica a 400 quilômetros de Bento Rodrigues. Esta onda de cheia, porém, não irá causar enchentes nos municípios que estão localizados na margem do Rio Doce, segundo as autoridades.

Mineradora monitora no Espírito Santo efeitos de rompimento de barragens em MG


A mineradora Samarco, responsável pelas duas barragens de rejeito que se romperam na última quinta-feira (5) em Mariana (MG), divulgou nota hoje (8) na qual afirma que está atenta a qualquer repercussão no Espírito Santo e em constante contato com as autoridades competentes em função do acidente ocorrido nas barragens de Fundão e Santarém. O rompimento das barragens de rejeito (que concentra os resíduos do processo de mineração) destruíram o distrito de Bento Rodrigues, que fica na zona rural da cidade mineira. A lama oriunda do acidente está sendo levada pelo Rio Doce, aumentando o nível do rio e pode provocar enchentes, por exemplo. 

“A expansão da mancha [de lama] que avança no Rio Doce está sendo permanentemente monitorada pela empresa. A Samarco está tomando todas as providências possíveis para mitigar os impactos ambientais gerados e, em caso de necessidade, auxiliar prefeituras e as comunidades em eventuais ocorrências. A coleta de amostras de água nos trechos impactados já foi iniciada e terá continuidade até a normalização da situação. É importante mencionar que a empresa está, no momento, concentrando seus esforços no atendimento às pessoas atingidas”, diz o documento.

Ainda segundo a mineradora, as operações da empresa na Unidade de Germano (MG) estão paralisadas. Na Unidade de Ubu, em Anchieta (ES), as operações industriais serão paralisadas ao final dos estoques de minério. O mesmo acontecerá com as operações de embarque, que serão interrompidas ao término dos estoques de produtos.

Segundo o último boletim divulgado dia (7) às 13h pelo Serviço Geológico do Brasil, que monitora 24 horas a cheia do Rio Doce provocada pelos rompimentos das barragens, na tarde deste domingo a previsão é que o pico da onda de cheia chegue nas estações de monitoramento de Governador Valadares (MG). Esta onda de cheia, ainda segundo os técnicos que monitoram a região, não irá causar enchentes nos municípios localizados na margem do Rio Doce.

Após temporal, equipes retomam buscas por desaparecidos em Minas Gerais


Os trabalhos de busca e resgate no distrito de Bento Rodrigues, na zona rural em Mariana (MG), começaram por volta das 6h de hoje (8), após o temporal que caiu na região durante a madrugada. Homens do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, do Exército e da Defesa Civil do estado buscam 28 pessoas que continuam desaparecidas após o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco.

Em entrevista à Agência Brasil, o major Rubens da Cruz, do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, explicou que o ideal é que o tempo fique mais firme para que a lama no local fique mais sólida e facilite o deslocamento na região.

"Mesmo com tempo fechado, nós vamos continuar", disse. "Não há previsão para parar. A população tem medo que se interrompa as buscas, mas não existe essa possibilidade", ressaltou.

A previsão, segundo ele, é que, ao longo do dia, as equipes de busca se desloquem para outros distritos de Mariana também afetados pelo rompimento das barragens, como Paracatu, Rio Doce e Barra Longa. "Vamos descendo, seguindo o leito do rio", explicou.

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