A construção
da governabilidade no Congresso Nacional em torno do ajuste fiscal “para o país
seguir seu rumo” será a prioridade do PT, disse ontem (29) o presidente do
partido, Rui Falcão, após reunião do Diretório Nacional do PT, em Brasília. De
acordo com Falcão, o partido caminhará unido para aprovar as matérias relativas
ao ajuste, priorizando as pautas que o governo encaminhou para o Congresso
Nacional, por exemplo, a aprovação da LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias], do
projeto que trata da repatriação de recursos [no exterior e não declarados] e a
DRU (Desvinculação de Receitas da União)
No documento
aprovado nesta quinta-feira, o diretório sugere mudança na política econômica
do governo. “Nós apontamos algumas sugestões, mas não listamos todas, até
porque o diretório não é a instância para se debater a fundo a política
econômica”, disse Falcão.
Entre as
sugestões, segundo o presidente do PT, estão dar mais ênfase “ao mercado
interno, ao crédito, à redução paulatina da taxa de juros, às pautas de aumento
da arrecadação sugeridas pela bancada de deputado, à aprovação da CPMF
[Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira] e à taxação sobre
lucros e dividendos e das grandes fortunas”. Falcão disse que as propostas
foram inspiradas em um documento da Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido.
O PT se
posiciona ainda contra cortes nos gastos com programas sociais, como o Bolsa
Família, ou nos investimentos públicos. O partido pede também a reativação do
Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e que órgão faça debates com
trabalhadores e movimentos sociais, além de debates setoriais com “cadeias
produtivas capazes de gerar empregos”. A iniciativa serviria para ajudar a
construir uma governabilidade que não “se assente só no Congresso Nacional. “É
preciso que haja participação da sociedade para avançar na ideia da
governabilidade social”.
Ao analisar o
cenário político no Congresso, os petistas teceram várias críticas ao
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), considerado como um dos
principais líderes da ala conservadora da Casa. “A situação na Câmara priorou,
depois que a ala mais reacionária do PMDB [liderada por Cunha], assumiu uma
liderança de agenda de contrarreformas”, disse.
Perguntado se
o partido pedirá a saída de Cunha, citado pela Procuradoria-Geral da República
como dono de contas secretas na Suíça, Falcão disse que a ação do PT se
restringirá ao Conselho de Ética. “O PT não vai tratar do assunto, só no
Conselho de Ética, lá a bancada do PT votará unitariamente sob orientação da
Executiva Nacional”, afirmou.
Segundo
Falcão, o partido analisou o que chamou de “ofensiva de ódio”, disseminada
contra o PT, as lideranças do partido, a presidenta Dilma Rousseff e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Ela é visível nas ruas. O que
aconteceu com o ex-senador [Eduardo] Suplicy, ou com o ex-ministro Guido
Mantega atestam isso. A agressividade contra o PT; essas manifestações que se
fazem contra o PT e o [ex-]presidente [Lula], é uma ofensiva conservadora, é
uma campanha de ódio que nunca tínhamos visto antes no país”, disse.
Para o
presidente do PT, há uma campanha coordenada para fragilizar o ex-presidente
Lula e que teria “núcleos da Polícia Federal, do Poder Judiciário e Ministério Público”.
De acordo com Falcão, as ações contra os petistas se valem de momentos
simbólicos do partido e citou a intimação do filho de Lula, Luiz Cláudio Lula,
na noite do aniversário de 70 anos do ex-presidente. “Intimar uma pessoa às
23h, pelo que me consta, isso é ilegal”, afirmou.