A
extrema esquerda terminou tomando como seus inimigos fundamentais os governos
progressistas na América Latina. Está isolada, em posturas denuncistas.
Por Emir Sader
Blog do Emir -
Quando foram sendo eleitos governos na onda do fracasso e rejeição aos governos
neoliberais, predominantes nos anos 1990 na América Latina, ao mesmo tempo
foram se reconstituindo as forças de extrema esquerda, na critica desses
governos.
Nenhum deles foi poupado, mas inicialmente o governo Lula foi objeto mais
concentrado dessas críticas. Motivos não pareciam faltar. Desde a “Carta aos
brasileiros”, Lula parecia encaminhar-se para o abandono das teses históricas
da esquerda, repetindo a experiência histórica que os trotskistas sempre
anunciaram: a social democracia se comporta como força de esquerda, quando está
na oposição, mas basta chegar ao governo, para romper com as teses históricas
da esquerda, “traindo” a esquerda e os trabalhadores, para se revelar como uma
manobra de engano do povo e de continuidade, sob outra forma dos governos da
direita.
Uma equipe econômica conservadora, uma reforma regressiva da previdência,
discurso tímido – tudo parecia confirmar a tese da “traição”. Cabia,
perfeitamente, uma crítica pela esquerda, sobre a questão central do período: a
superação do modelo neoliberal, que era feita pela esquerda do PT.