
Eu
observo o giro do Sol.
E as flores que o seguem em
harmonia...
Os insetos que as acompanham...
E o voo
sincrônico dos pássaros seguindo os insetos...
Gira o sol e as
flores,
giram os insetos e os pássaros,
giro eu, giramos
todos nós.
Desde
que a memória se fez em mim, um espetáculo silente e eterno se
repete: o universo é uma espiral de movimento onde cada ser encontra
o seu compasso.
Há uma beleza nostálgica em testemunhar essa
coreografia diária, um lembrete de que tudo — e todos — estamos
interligados num vasto e vigoroso giro.
Eu
contemplo e sinto... O sol em seu trânsito solene, levando a luz de
outrora...
E as flores que o aclamam, na rítmica harmonia da
perda e do renascer...
Os insetos, rápidos e gentis, que as
cortejam...
E o voo sincrônico e audacioso dos pássaros, na
esteira do tempo já voado...
Gira,
e se incendeia o sol e as flores em sua órbita.
Giram, e
trovejam os insetos e os pássaros no ar.
Giro eu, pleno dessa
força e carregando o tempo, e num eco profundo, giramos todos nós.