
Prefeito
de São Paulo concedeu entrevista em Milão, onde cumpriu mais uma agenda
internacional.
O
prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), viu na semana passada seu cacife
eleitoral abalado após uma pesquisa mostrar um aumento da rejeição dos
paulistanos às suas viagens pelo Brasil. "As viagens não são em busca de
voto, mas de vantagens para a cidade de São Paulo", disse o tucano em
entrevista, em Milão, onde cumpriu mais uma agenda internacional.
Doria
abordou os pontos sensíveis de sua pré-candidatura, mas sempre tomando o
cuidado de negá-la. Ao mesmo tempo em que elogia o Movimento Brasil Livre
(MBL), que se aproxima do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), o prefeito rejeita
o rótulo de "direita". "Sou um liberal. A posição mais ao centro
é a mais equilibrada", afirmou.
Quanto
aos temas tabus, o prefeito emite sinais trocados: evita se posicionar sobre
casamento gay e se coloca contra a legalização da maconha e do aborto. Leia os
principais trechos da entrevista:
Por que viajar tanto pelo
Brasil se o senhor não é candidato à Presidência?
As viagens não são em busca do
voto, mas de vantagens para a cidade de São Paulo. Independentemente das
homenagens que recebo, e que educadamente agradeço, temos feito acordos
operacionais com várias prefeituras. Sou vice-presidente da Frente Nacional de
Prefeitos. Compete a mim fazer programas de integração com outras prefeituras.
Como explica essa rejeição às
viagens detectada em pesquisa?
Normal. Na medida em que se
explica que as viagens são em benefício da cidade, a rejeição gradualmente vai
caindo. As pessoas vão entendendo que São Paulo não é uma província, mas uma
cidade global. A rejeição tende a cair.
A cidade enfrenta problemas de
zeladoria, como semáforos quebrados e mato crescendo em praças. São problemas
que a Cidade Linda não resolve...
É preciso ter investimentos
mais constantes para a zeladoria urbana. No caso dos semáforos, ficamos seis
meses presos ou limitados pelas falta de uma licitação que deixou de ser feita
na gestão anterior. O TCM (Tribunal de Contas do Município) durante quase três
meses segurou esse processo. Nos próximos dias vamos lançar um programa, o
"Semáforo Expresso", que será feito por meio de motocicletas.
Técnicos vão usar motos para chegar mais rapidamente aos semáforos com
problemas.
Há um movimento que defende um
controle maior sobre os museus, por causa da exposição do MAM. É a favor de
algum tipo de regulamentação sobre o que pode ser exposto em museus?
Não sou. Sou contra a censura
de qualquer natureza, mas é preciso ter cuidado e zelo. Naquele episódio de São
Paulo, um museu sério como o MAM cometeu um erro de não colocar um
monitoramento na porta da sala onde havia a performance do artista. Bastaria
ter monitores orientando as pessoas. É preciso ter cuidado para não avançar nos
limites da intolerância.
Qual sua posição sobre a
legalização do aborto?
Sou contra, exceto nos casos
em que a Constituição já prevê.
E sobre o casamento gay?
Esse é um tema que precisa ser
estudado e avaliado. Tema de um debate mais profundo.
O que pensa do "escola
sem partido"?
Escola é feita para ensinar,
não para fazer política.
Descriminalização da maconha,
uma bandeira do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso?
Sou contra, embora respeite
muito as posições do ex-presidente. Ele é um sábio, além de respeitável
sociólogo.
Como seria sua relação com o
MST se fosse presidente? E como seria sua tolerância com as invasões?
De diálogo. Invasão é crime. E
como tal não pode ocorrer. O governo deve defender a propriedade.
O senhor é a favor da
autonomia do Banco Central?
Totalmente a favor. É
necessário. O Banco Central não pode ser monitorado pelo governo. No governo
atual, esse é um bom exemplo de como ter um BC independente, com gestão
eficiente.
Qual seria a política sobre a
taxa de juros?
Temos que ter câmbio flexível
e autonomia do BC. Quero aproveitar para fazer um registro positivo em relação
ao ministro Henrique Meirelles: a política econômica está sendo feita com zelo
e cuidado. Não funciona ter política de juros com viés político.
O MBL, que é identificado com
a direita radical, se afastou do senhor e se aproximou de Jair Bolsonaro.
Começou a criticá-lo, algo que não fazia antes. Como avalia esse movimento?
Essa é uma circunstância
momentânea. Esse não é um movimento de todo o MBL, mas de alguns. O MBL cresceu
muito. Hoje eles têm algumas frentes e vertentes, mas eu respeito muito o
valor, a trajetória e aquilo que eles defendem.
Pesquisa também mostrou que
parte do eleitorado tradicional do PSDB e seu migrou para Bolsonaro. Como
explica isso?
Isso é cíclico. Amanhã pode
mudar. Há um certo ciclo. Esses ciclos vão ocorrer várias vezes até outubro do
ano que vem.
Então esse eleitorado não
migrou para a direita mais radical?
Não. É uma circunstância
momentânea e que vai mudar, talvez mais de uma vez.
A eleição de 2018 é melhor com
ou sem o Lula?
Com democracia.
Está descartada a
possibilidade de o senhor deixar o PSDB?
Não penso em deixar o PSDB.
Não há razão concreta para isso. Recebi convites de outros partidos, o que me
honrou muito. São partidos aliados e que me ajudam na gestão em São Paulo. A
hora da política é no ano que vem.
O senhor é pré-candidato à
Presidência?
Não.
Se Geraldo Alckmin pedir,
aceitaria disputar o governo de São Paulo em 2018?
Toda solicitação que venha do
governador Alckmin vai merecer meu respeito e atenção. Ele não solicitou. Se
tivermos alguma conversa no futuro nesse sentido, qualquer ponderação e diálogo
que envolva o governador Geraldo Alckmin terá a minha participação e meu
interesse em atendê-lo.
Em Belém, o senhor disse que
não é de direita, mas de centro. Foi uma maneira de se diferenciar de
Bolsonaro?
Eu sou um liberal. A posição
mais ao centro é a mais equilibrada para um País que precisa de paz e
crescimento econômico.
Como enxerga esse discurso
extremado do Bolsonaro?
Ele tem suas convicções. É um
direito dele.
Estaria com ele no segundo
turno?
Apoio não se nega, se
incorpora.
As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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