Uma
técnica de plantar, que diminui as necessidades de irrigação e adubação das
plantas para quem tem pouco tempo para cuidar de pequenas hortas urbanas, está
tendo boa receptividade em São Paulo. Trata-se da técnica do cultivo em palha,
que além das vantagens acima possibilita deixar os recipientes das plantas mais
leve, podendo ser deslocado facilmente.
Numa
oficina realizada este final de semana no Sesc Vila Mariana, na capital
paulista, o público pôde conhecer essa nova forma de plantar. “É uma técnica
muito interessante, de baixa manutenção. A palha é um material que consegue
reter bastante umidade, e que não requer rega diária. Além disso, por ser uma
matéria orgânica, que entra em decomposição junto com o composto orgânico,
diminui muito a manutenção da adubação também”, explicou Julhiana Costal, permacultora
do ArboreSer, espaço agroecológico que dissemina práticas de plantio.
Insatisfação e busca de
alternativas
“Percebemos
cada vez mais a insatisfação das pessoas com o que está sendo oferecido para
elas nos mercados e nas feiras. Quanto mais as pessoas têm acesso à informação
do grau de contaminação que está o nosso alimento, mais elas querem retornar ao
processo de cultivar, se tornar um agente participativo também do meio de
produção do nosso alimento”, disse Julhiana.
Por
conta disto, a agricultura urbana vem conquistando cada vez mais interessados,
dentro do contexto da agroecologia e do consumo de produtos sem agrotóxicos.
Afinal, por meio de hortas urbana, é possível ter uma alimentação mais saudável
e até gerar renda. Essas hortas podem estar diretamente no solo, em canteiros
suspensos ou em vasos.
Diferente
da agricultura tradicional, muitas vezes, as pessoas não tem conhecimento
técnico nem muito tempo disponível para cuidar do plantio. A técnica de plantar
em palha diminui a necessidade de irrigação e adubação para quem tem pouco
tempo para cuidar da horta, além de deixar o recipiente leve, podendo ser deslocado
facilmente.
Segundo
Julhiana Costal, as pessoas podem encontrar palha no final de feiras, já que os
feirantes a utilizam para embalar as frutas e depois descartam. “Geralmente
fazemos [o plantio com palha] em caixotes de madeira, que ficam muito leves.
Quando vamos fazer o manejo, é muito fácil mudar de lugar,inclusive para
colocar em lajes, telhados e em lugares que não podem ter sobrepeso”, disse.
Muito agrotóxico
Ela
disse que muitas das pessoas que procuram a agricultura urbana estão
preocupadas com o consumo de alimento sem agrotóxico. “Estamos em momento em
que nos desconectamos do meio de produção do alimento, temos consumido muito
alimento que vem de uma agricultura convencional, cheia de veneno, de
agrotóxico. Cada brasileiro está consumindo sete litros por ano [de
agrotóxico]. Então, acreditamos que o resgate do ato de plantar traz muitos
benefícios”, disse.
Além
disso, a permacultora comentou que a agricultura traz benefícios para a cidade.
“Hoje temos nas cidades áreas que são quase ilhas de calor. Então, quando você
planta uma horta, você ajuda a melhorar muito o microclima desse espaço, você
diminui o calor, aumenta a biodiversidade. Hoje estamos muito dependentes do
campo e, quando começamos a plantar na cidade, a aumentar a produção de alimento
no meio urbano, também aumentamos a resiliência da cidade”, avaliou.
A oficina de plantio em palha vai acontecer também no próximo dia
27 de agosto no Sesc Vila Mariana, na capital paulista, às 11h. A
atividade é gratuita e a retirada de ingressos começa uma hora antes.
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