A crise na Venezuela deve dominar a pauta do Senado nesta terça-feira (15). É que estão na pauta o plenário da Casa dois requerimentos envolvendo o país. Um deles, apresentado pelo senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), pede voto de censura ao presidente do país, Nicolas Maduro. No requerimento Ferraço destaca que Maduro tem adotado posturas arbitrárias e afrontado princípios democráticos e tratados internacionais dos quais inclusive o Brasil faz parte.
O
outro requerimento é do senador Jorge Viana (PT-AC) que pede a criação de uma
comissão externa para ir ao país vizinho numa "missão de bons
ofícios". A ideia, segundo Viana, é buscar soluções. O Senado, numa
missão de diplomacia parlamentar, se ofereceria no sentido de contribuir para
estabelecer um diálogo com as forças políticas venezuelanas, sem distinções
ideológicas.
Esse
mesmo requerimento foi aprovado no último dia 3 pela Comissão de Relações
Exteriores da Casa. “Acho que a situação tem se agravado muito, e talvez o país
esteja próximo de uma guerra civil. Não há mais nenhum entendimento, diálogo ou
tolerância entre as forças políticas — lamentou o senador, salientando que o
aumento da violência e da tensão na Venezuela não interessa à América do
Sul”, destacou. Jorge Viana disse ainda que o Brasil não pode
assistir "de braços cruzados" ao agravamento da crise política e
econômica no país vizinho, com o qual divide mais de 2 mil quilômetros de
fronteira.
Para
o senador Fernando Collor (PTC/AL), presidente da Comissão de Relações
Exteriores, os senadores vão ter que escolher no plenário qual dos
requerimentos que vão votar. “Como poderemos ir à Venezuela numa missão de bons
ofícios, caso também seja aprovado um voto de censura? Será uma discrepância de
atitudes, uma contradição”, ponderou Collor.
Histórico
A
crise política na Venezuela foi agravada em maio, quando Maduro, que perdeu as
eleições legislativas, convocou uma nova constituinte. O processo eleitoral foi
boicotado pela oposição, e protestos de rua já resultaram em mais de 100
mortes. Organizações internacionais de defesa dos direitos humanos têm
denunciado a repressão no país. Há líderes oposicionistas presos, enquanto a
procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Diaz, foi destituída pela
Assembleia Constituinte, cujos integrantes são todos partidários de Maduro. O
governo brasileiro, por sua vez, atuou no sentido de suspender o país do bloco
do Mercosul, com base na cláusula democrática.
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