A
Polícia Federal (PF) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) relatório parcial
sobre o inquérito aberto para investigar o presidente Michel Temer, a partir
das delações da JBS. No relatório, o delegado Tiago Machado Delabary afirma que
os indícios colhidos até o momento indicam a prática de corrupção passiva por
parte do presidente. Na Rússia, Temer disse que não se manifestará sobre o
conteúdo do relatório por se tratar de uma questão jurídica e a defesa dele
pediu acesso ao relatório preliminar.
“Diante
do silêncio do mandatário maior da Nação e de seu ex-assessor especial [Rodrigo
Rocha Loures], resultam incólumes as evidências que emanam do conjunto
informativo formado nestes autos, a indicar, com vigor, a prática de corrupção
passiva”, diz o delegado no relatório, divulgado pelo STF.
Além do presidente, também é investigado no inquérito o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Ontem (19), a PF pediu ao ministro Edson Fachin, relator da investigação, mais cinco dias para concluir o inquérito. A PF ainda pretende concluir a perícia nos áudios gravados em conversas de Joesley Batista com o presidente.
No
relatório, a polícia diz ainda que Joesley Batista, dono do grupo JBS, e o
diretor de Relações Institucionais da empresa, Ricardo Saud, cometeram crime de
corrupção ativa. Os dois firmaram acordos de delação premiada com o Ministério
Público Federal (MPF).
Saiba
mais:
Resposta
Sobre
o relatório preliminar da Polícia Federal, o presidente Michel Temer foi
questionado pela imprensa durante viagem à Rússia, mas não comentou o teor do
documento: “Vamos esperar. Isso é juízo jurídico”. A defesa do presidente
solicitou ao STF acesso ao relatório parcial da Polícia Federal. O presidente
nega as acusações feitas por Joesley e entrou com uma ação contra o empresário
por calúnia e difamação.
Investigação
No
início do mês, a investigação já tinha sido prorrogada pela primeira vez a
pedido da PF, que alegou necessidade de mais tempo para concluir as
investigações, iniciadas a partir das citações do nome do presidente nas
delações dos executivos da JBS.
Na
sexta-feira (9), o advogado Antônio Mariz de Oliveira, representante de Temer,
informou ao ministro que o presidente decidiu não responder às perguntas
enviadas pela Polícia Federal no inquérito. Além disso, a defesa pediu o
arquivamento das investigações e fez críticas ao teor do questionário enviado
pelos delegados.
Para
a defesa de Temer, o questionário é um “acinte à sua dignidade pessoal e ao
cargo que ocupa” e atenta contra os “direitos individuais inseridos no texto
constitucional”. “O presidente e cidadão Michel Temer está sendo alvo de um rol
de abusos e de agressões aos seus direitos individuais e à sua condição de
mandatário da nação que colocam em risco a prevalência do ordenamento jurídico
e do próprio Estado Democrático de Direito”, destaca o documento.
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