terça-feira, 9 de maio de 2017

O acontecimento e o nome do filho


Por Antônio Luiz Carlini em 09/05/2017

Foi comum entre os descendentes de imigrantes italianos, obedecendo à tradição, ao denominarem seus filhos homenagearem os pais, avós, tios e, como a prole, quase sempre numerosa, observarem dias Santos, para a escolha dos nomes dos seus novos rebentos. O que obviamente aumentava o numero de homens com nomes José, Antônio, João, Luiz, etc...

Entretanto houve os que gostavam de exagerar, como todas as sete filhas iniciarem por Maria, no caso meninas e, todos os meninos por José, este o mais comum, porém ainda uns poucos exagerados colocando nomes de países ou distritos Europeus. Até que depois de 1947, a influência Norte Americana, deu surgimento aos Nelson, Edson, Hudson, etc..

Um de nossos consortes, conterrâneo e concidadão, leu artigo em revista, discorrendo sobre o assunto e percebeu que seu filho estava com o nome de uma variação do verbo ARMAR, lá na conjugação do gerúndio, pois, seu filho, por influencia de avós, estava registrado como Armando e não tinha nenhum talento aparente para ser armador. Conclui que errara, mas nada podia fazer para mudar, mas podia, no caso de aparecer outro, o que era improvável, corrigir a falha e dar ao utópico, um nome onde seriam obedecidas as regras dos indígenas, mesmo que americanos do norte ou do sul, mas um nome de acordo com o que acontecesse naquele período do nascimento. 

Aconteceu, o Armando teve um irmãozinho, o “famoso rapa de tacho”. Maria (....,,,,......) já com dezessete, primogênita daquela prole, antenada com tudo o que o Rádio dizia e apresentava em 1964, escreveu uma lista com sugestões de nomes para o pai registrar o bebê, assim designada:
- Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Jerry Adriani, Agnaldo Rayol, Wanderley Cardoso, Ronie Von, Agnaldo Timótio, Caetano Veloso, Nelson Ned, Lenon, MacCarteney, Gilberto Gil e aquele em que mais insistiu, o belo e adorável, para ela, Paulo Sérgio. 

Aquele pai abominou a ideia da filha adolescente, mas consultou a mãe, que disse: - Para mim o que escolherem está bem, pois, papai não quer o nome dele, então qualquer um serve!

A adolescente: - Viu pai? Viu pai? O Senhor não sabe escolher e mamãe concorda comigo! Paulo Sérgio e pronto! Ao que ele sacudiu a cabeça negativamente, como se quisesse derrubar os flocos de uma caspa ainda grudados nos cabelos e disse:
- Como ele nasceu em 17 de janeiro, dia de Santo Anton, mas não gosto deste nome e, estou querendo dar nome ao filho, agradecendo esta maravilha que está a nossa ROÇA de MILHO, cuja qualidade é a primeira vez que vejo, quero contrariar Caim, homenagear Abel e dar ao meu filho um nome que pelo resto da minha vida eu nunca esqueça que já tive uma roça tão viçosa com espigar tão bonitas com este milho de leite, digno de uma PAPA por dia, o que também não posso homenagear, por que PAPA é sagrado e CURAL é interpretado como lugar de prender vacas. ÓH! Duvida cruel! Mas os seus “veados cabeludos” lá de São Paulo, nem pensar! O “poppo” vai ter nome diferente, porém, nome que me lembre de milho verde! 

A menininha de oito anos, que pensavam ser para sempre a caçula, mas que deixara de ser, resolveu dar palpite e se meteu na conversa:
- Pai, já sei!!! PAMONHA! Isso! Não pode ser Papa nem CURAL e tem que lembrar de milho verde, PAMONHA é o mais indicado! 


Aquele homem gostou da sugestão, mas contrariado pela esposa e os filhos maiores de dez, homenageou a natureza, segundo ele, registrando e batizando a criança com o nome ADÂO, a quem a vizinhança chamava de Adão da Pamonha, para desespero do mesmo com o Bulling, seja na vida social ou na escola, até que mudaram para longe do Município de Santa Teresa. 

3 comentários:

  1. Aspiro com toda expectativa possível de existir que possa colaborar com este BLOG, inserindo nele crônicas narrando acontecimentos de cunho antropológico, ocorridos na Região de Santa Teresa ES e cercanias!

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    1. Bom dia meu caro Antonio Luiz.

      Seja muito bem-vindo a este espaço democrático. Sua colaboração será muito importante para o blog. Estou ansioso na expectativa de suas crônicas. Estou certo de que os meus habituais leitores irão se deliciarem com as suas crônicas. Fraterno abraço

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  2. Bom dia senhores.

    Também estou ansioso para conferir as crônicas do mais novo colaborador do blog. Abração para o Dag e para o Antonio. E que venham as crônicas.

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