A ordem de execução, assinada nessa quarta-feira (25) pelo presidente norte-americano, Donald Trump, para a conclusão de um muro que separe completamente a fronteira dos Estados Unidos (EUA) e do México repercutiu no mundo inteiro. A Agência Brasil apurou números sobre os imigrantes que vivem nos Estados Unidos sem documentação. Aproximadamente 11 milhões de pessoas de diferentes nacionalidades moram no país sem permissão legal.
Maioria
entra com visto
Apesar da
emblemática e famosa travessia terrestre pela fronteira entre os Estados Unidos
e o México, mais da metade dos imigrantes sem documentação que vivem nos
Estados Unidos entram por via aérea, geralmente com visto de turista. Depois de
vencer o prazo de permanência no país, eles não retornam ao país de origem.
A estimativa
do governo norte-americano é de que dos 11 milhões de pessoas sem documentação,
pelo menos 6 milhões cheguem com visto pelos aeroportos. Nessa categoria se
enquadra a maioria dos brasileiros que vivem nos EUA sem visto de permanência.
Entram com visto de turista e não regressam dentro do prazo estipulado (em
geral, seis meses).
Muro
O muro
fronteiriço começou a ser construído entre os dois países desde 1994, sendo que
atualmente já estão prontos 1.050 quilômetros. O projeto de Donald Trump prevê
a construção de uma parte horizontal e outra feita por meios de valas. O custo
total da obra será de US$ 8 milhões.
O muro do
México deverá ter cerca de 1,6 mil quilômetros de comprimento. A fronteira tem,
ao todo, 3,2 mil quilômetros, mas além da parte já construída (que será
remodelada), existem barreiras naturais.
Corredor
perigoso
De acordo com
a Organização Internacional para as Migrações (OIM), cerca de 6% dos imigrantes
no mundo passam pela fronteira dos Estados Unidos com o México.
O governo
mexicano estima que cerca de 160 mil pessoas atravessem a fronteira terrestre
entre os dois países a cada ano. Mas a maioria dos que cruzam a fronteira não
são de nacionalidade mexicana.
O corredor
México-Estados Unidos é usado por pessoas que tentam imigrar de vários países,
da América Central e também de pessoas de outros continentes que chegam
legalmente ao México.
Depois dos
atentados nas torres gêmeas em Nova York, em 2001, a fiscalização aumentou
muito na região, mas ainda há pessoas que conseguem atravessar. A travessia é
extremamente perigosa e cara. Os coiotes trabalham em conjunto com os cartéis
do tráfico de drogas.
A Agência
Brasil apurou, com a comunidade de imigrantes sem documentação que vivem
em Atlanta, que o custo médio cobrado pela travessia varia, mas um imigrante
pode pagar entre US$ 6 mil e US$ 10 mil para ser “guiado” entre a fronteira
pelos coiotes.
Mortes
e desaparecimentos
A área
fronteiriça sobre influência de carteis de drogas também é cenário para outros
crimes como abuso sexual, homicídios, sequestro e tráfico de pessoas. O número
de pessoas que morrem na travessia é alta.
A cifra, no
entanto, pode ser maior porque não há controle de quem passa, uma vez que a
maioria busca rotas controladas por narcotraficantes. A maioria dos casos é
registrada como desaparecimento. Foram 2.400 no ano passado. Estima-se que
entre 60 e 80 pessoas morram por mês, na tentativa de atravessar a fronteira.
Em novembro do
ano passado, o brasileiro Jefferson de Oliveira morreu quando tentava chegar
aos EUA pelo México. Aos 20 anos, o mineiro deixou o país para viver e
trabalhar nos Estados Unidos. O corpo dele foi encontrado perto do Rio Bravo,
na fronteira.
Crianças
na fronteira
Há inúmeros
casos de crianças desacompanhadas na fronteira entre os Estados Unidos e o
México, sobretudo na parte do Texas, segundo a patrulha norte-americana. Em
2016, foram detidos mais de 54 mil menores sozinhos e mais de 68 mil famílias
na região.
Entre as crianças “solitárias”, há uma parcela que é nascida nos Estados Unidos e que viaja para o México a fim de visitar familiares que foram deportados ou mesmo para levar malas ao país. Também há registro de crianças perdidas que não conseguem concluir a viagem e nem regressar ou reencontrar os familiares.
As crianças na
fronteira também são suscetíveis ao recrutamento pelos carteis de drogas e à
exploração sexual.
Leandra Felipe
- Correspondente da Agência Brasil
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