A defesa do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), classificou de “manobra” o parecer do relator, Marcos
Rogério (DEM-RO), pedindo a cassação do mandato de Cunha no Conselho de
Ética por quebra de decoro parlamentar.
No voto, Rogério afirmou ter encontrado provas suficientes de
que Cunha recebeu recursos ilícitos no exterior por meio de trustes e
que, por isso, teria mentido em depoimento à Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) da Petrobras ao negar as contas fora do Brasil.
“Acho
uma manobra. Não encontraram prova material da existência de contas e
usaram 90 páginas para tentar dizer que existe o que não existe. Se
espremer as 90 páginas, só encontrará manobras. Não tem uma prova
material da existência de contas no exterior em nome do meu cliente”,
informou o advogado Marcelo Nobre após a apresentação do voto de Marcos
Rogério pedindo a cassação de Cunha.
Questionado se o fato de
Eduardo Cunha estar ligado a trustes não demonstraria a titularidade dos
recursos movimentos pelas contas, Nobre acrescentou que a afirmação foi
uma manobra de Rogério. “A manobra é dele querer confundir um instituto
internacional mundialmente conhecido como conta de pessoa física.”
Nobre
reafirmou a tese de que as contas estão em nome de trustes, entidades
legais que administram contas de um ou mais beneficiários e que,
portanto, Cunha não poderia declará-lo à Receita Federal.
“Ele
não pode declarar. Não é de propriedade dele. Se declarar, comete um
crime no Brasil. O que estão querendo dizer é que a Receita Federal não
faz as coisas certas... ela não autuou o meu cliente porque não pode”,
afirmou o advogado.
Nobre disse ainda que o relator deveria ter
restringido seu voto ao episódio da CPI, quando Cunha negou ser titular
de contas no exterior. Na leitura dou voto, Rogério disse que duas
contas administradas por trustes contratados por Cunha movimentaram
cerca de 3,5 milhões de francos suíços. Segundo ele, parte dos recursos
teve origem no esquema de pagamento de propina envolvendo a Petrobras.
Para
o relator, o Conselho de Ética não tem poder investigativo. "O Conselho
de Ética não fez essa prova e nem é o foro adequado para essa
discussão. O objeto é se mentiu sobre a existência de conta no
exterior.”
A defesa de Cunha disse que vai aguardar a votação,
prevista para a próxima semana, de modo a definir o recurso contra o
voto do relator. Nobre defendeu o arquivamento da representação contra o
peemedebista, afirmando que a cassação “foi um pedido forte". Ele
acusou Rogério de ter usado mais a "emoção que a razão". "Achei o o
relator emocional e emoção não casa com a razão", concluiu.
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