Para o
Instituto Lula, a ação da Polícia Federal deflagrada hoje (4) foi uma ação
“violenta”, com o objetivo de provocar “constrangimento público” ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de mandados de busca em diversos
endereços do ex-presidente, a Operação Aletheia cumpriu mandado de condução
coercitiva para Lula, que presta depoimento, desde às 8h da manhã, no Aeroporto
de Congonhas, em São Paulo.
“A violência
praticada hoje contra o ex-presidente Lula e sua família, contra o Instituto
Lula, a ex-deputada Clara Ant e outros cidadãos ligados ao ex-presidente, é uma
agressão ao estado de direito que atinge toda sociedade brasileira. A ação da
chamada Força Tarefa da Lava Jato é arbitrária, ilegal, e injustificável, além
de constituir grave afronta ao Supremo Tribunal Federal”, diz trecho da extensa
nota. “É uma violência contra a cidadania e contra o povo brasileiro, que
reconhece em Lula o líder que uniu o Brasil e promoveu a maior ascensão social
de nossa história”, diz a nota do instituto.
Para o
instituto, as ações de hoje foram precipitadas e a Operação Lava Jato “cometeu
uma grava afronta” ao Supremo Tribunal Federal, já que agiu antes que as
liminares pedidas pelo ex-presidente fossem julgadas pelo órgão. Na terça-feira
(1), advogados do ex-presidente protocolaram no STF uma manifestação sobre as
informações espontaneamente prestadas na Operação Lava Jato. Os advogados do
ex-presidente Lula pediram à ministra Rosa Weber que apreciasse o pedido de
liminar, que tem por objetivo suspender os procedimentos investigatórios sobre
o apartamento tríplex no Guarujá e o sítio em Atibaia, até que o STF defina
quem terá competência para julgar Lula: se o Ministério Público Federal ou o
Ministério Público Estadual de São Paulo.
“A defesa do
ex-presidente Lula peticionou ao STF para que decida o conflito de atribuições
entre o Ministério Público de São Paulo e o Ministério Público Federal (Força
Tarefa), para apontar a quem cabe investigar os fatos, que são os mesmos.
Solicitou também medida liminar suspendendo os procedimentos paralelos até que
se decida a competência conforme a lei. Ao precipitar-se em ações invasivas e
coercitivas nesta manhã, antes de uma decisão sobre estes pedidos, a chamada
Força Tarefa cometeu grave afronta à mais alta Corte do país, afronta que se
estende a todas as instituições republicanas.
As ações da
Operação Lava Jato estão sendo cumpridas hoje nos estados de São Paulo, do Rio
de Janeiro e da Bahia. O nome Aletheia vem do grego e significa a busca pela
verdade. A operação inclui buscas em Guarujá, Diadema, Santo André, Manduri e
Atibaia. A casa do ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo, em São Paulo, e
o Instituto Lula também são alvos da operação.
Para o
instituto, não é justificável levar o ex-presidente para depor de forma
coercitiva, uma vez que ele sempre colaborou com a Justiça. “Nada justifica um
mandado de condução coercitiva contra um ex-presidente que colabora com a
Justiça espontaneamente ou sempre que convidado. Nos últimos meses, Lula prestou
informações e depoimentos em quatro inquéritos, inclusive no âmbito da Operação
Lava Jato. Dezenas de testemunhas foram ouvidas sobre estes fatos alegados pela
Força tarefa, em depoimentos previamente marcados”.
O instituto
também reclamou da quebra de seus sigilos bancário e fiscal, alegando que a
Operação Lava Jato já recebeu todas as informações referentes a suas contas, e
das quebras de sigilo bancário e fiscal do ex-presidente. “Nada justifica a
quebra do sigilo bancário e fiscal do ex-presidente Lula, pois este sigilo já
foi quebrado, compartilhado com o Ministério Público Federal e vazado
ilegalmente para a imprensa – este sim um crime que não mereceu a devida
atenção do Ministério Público”, diz a nota.
Segundo o
instituto, Lula não deveria ser levado a depor sobre um apartamento, o tríplex
no Guarujá, e um sítio, em Atibaia, que não são dele. “Além de esclarecer a
situação do apartamento em nota pública – na qual chegou a expor sua declaração
de bens – e em informações prestadas por escrito ao Ministério Público de São
Paulo, o ex-presidente prestou esclarecimentos sobre o sítio de Atibaia em ação
perante o Supremo Tribunal Federal, que também é de conhecimento público”.
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Dag Vulpi