O juiz federal Sérgio Moro reconheceu hoje (17), em despacho, que a
interceptação telefônica de uma ligação do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff ocorreu duas horas depois
de ele ter determinado a suspensão das gravações.
No documento,
Moro afirma que determinou o fim da interceptação telefônica do
ex-presidente ontem (16) às 11h12. Ele diz, entretanto que, entre a
decisão e o cumprimento da ordem, foi colhido novo diálogo às 13h32 – o
que foi reunido pela autoridade policial ao processo.
Moro afirma que “não havia reparado antes no ponto [horário]”, mas que não vê maior relevância nisso.
“Como
havia justa causa e autorização legal para a interceptação, não
vislumbro maiores problemas no ocorrido”, disse o juiz no despacho.
Ele
ressalta ainda que não acredita na necessidade de exclusão do diálogo
“considerando seu conteúdo relevante no contexto das investigações”.
Para
Moro, a existência de foro privilegiado da presidenta não altera o
quadro “pois o interceptado era o investigado e não a autoridade, sendo a
comunicação interceptada fortuitamente”.
O juiz finaliza o
despacho afirmando que caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF), quando
receber o processo, decidir definitivamente sobre essas questões.
Gravações
Ontem (16) no fim da tarde, Sérgio Moro quebrou o sigilo das investigações referentes a Lula
e liberou a gravação de uma ligação entre ele e a presidenta Dilma. Às
13h32, Dilma ligou a Lula para avisá-lo que um funcionário do Planalto
estava levando até ele o documento com o termo de posse, para ser
utilizado "em caso de necessidade".
Conforme as interceptações, a
presidenta diz ao novo ministro da Casa Civil: "eu tô mandando o
"bessias" junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de
necessidade, que é o termo de posse, tá?!".
O Palácio do Planalto
negou que a assinatura do termo de posse do ex-presidente Lula como
ministro-chefe da Casa Civil tenha sido antecipada para garantir a ele
foro privilegiado de modo imediato.
De acordo com o governo, Lula
poderia não comparecer à cerimônia de posse marcada para hoje. Por este
motivo, explicou, o termo de posse foi enviado para que Lula assinasse e
fosse devolvido à Casa Civil. O Planalto, no comunicado, esclarece
então que a expressão "pra gente ter ele", utilizada por Dilma, se
refere à necessidade que havia de o governo ter o documento caso Lula
não comparecesse à posse. Informa ainda que o trecho "só usa em caso de
necessidade" faz referência à possibilidade de "o governo usar" o termo
de posse.
Além de divulgar o documento, que já tem a assinatura
de Lula, restando apenas a da presidenta, o Planalto declarou também que
ele já se encontra "em poder da Casa Civil". Ainda segundo a Secom, a
divulgação do telefonema foi feita "ilegalmente" por decisão da Justiça
Federal do Paraná.
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