Apesar das
previsões contrárias das instituições financeiras, o governo espera que o país
volte a registrar superávit primário – economia para pagar os juros da dívida
pública – a partir de 2017. A estimativa consta do projeto de lei que altera a
meta fiscal deste ano, anunciado na semana passada e enviado hoje (28) ao
Congresso.
O projeto
altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para que o Governo Central –
Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – encerre o ano com déficit
primário de R$ 96,7 bilhões. O déficit primário é o resultado negativo nas
contas do governo antes do pagamento dos juros da dívida pública.
O resultado
negativo poderá ficar maior porque uma cláusula com valor em aberto permitirá o
abatimento das renegociações das dívidas dos estados e do Distrito Federal.
Segundo o Ministério da Fazenda, a União pode deixar de receber até R$ 6
bilhões este ano, o que elevaria o déficit para R$ 102,7 bilhões.
Depois do
resultado negativo este ano, a equipe econômica projeta superávit primário de
R$ 71,27 bilhões, o equivalente a 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos
bens e serviços produzidos no país) para 2017. O resultado engloba não apenas o
Governo Central, mas as contas dos estados e dos municípios. Para 2018, o
governo estima superávit de R$ 122,5 bilhões: 2% do PIB.
“O cenário macroeconômico
projetado, juntamente com a elevação gradual do resultado primário, permitirá a
sustentabilidade da política fiscal, já que a dívida bruta do Governo Geral
como proporção do PIB apresenta queda a partir de 2018. Assim, a trajetória de
superávit definida é suficiente para garantir a sustentabilidade da dívida
bruta no médio prazo”, destacou o governo no projeto de lei.
As projeções
da equipe econômica, no entanto, divergem das estimativas do mercado. Segundo o
boletim Focus, pesquisa do Banco Central (BC) com instituições financeiras, os
analistas preveem déficit primário de 1% do PIB em 2017 e de 0,5% do PIB em
2018.
Em relação à
economia, o governo prevê queda de 3,05% do PIB este ano, mesmo número que
consta no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, divulgado na semana
passada pelo Ministério do Planejamento. A equipe econômica estima crescimento
de 1% do PIB em 2017 e de 2,9% em 2018.
Os números
também divergem das projeções do mercado financeiro. Segundo o boletim Focus,
os analistas preveem contração de 3,66% do PIB este ano e crescimento de 0,35%
em 2017.
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