O recurso
apresentado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) contra a decisão do Conselho de
Ética que aprovou a continuidade do processo de cassação do mandato dele por
quebra de decoro parlamentar não deverá ter prosseguimento por falta de
previsão regimental. De acordo com o representante do PSB no colegiado,
deputado Júlio Delgado (MG), não existe previsão deste recurso nesta fase de
tramitação do processo.
“Não há
previsão de efeito suspensivo porque ele só cabe ao final do processo e [é]
feito à CCJ. Além de não ter previsão regimental, não tem previsão no nosso
Código de Ética, então, a gente aguarda [o desenrolar do processo]” disse
Delgado. “Ao final do processo, ele [Cunha] pode recorrer à CCJ com um único
efeito suspensivo”.
O pedido
protocolado por Cunha nesta segunda-feira fundamenta-se no Inciso VII do Artigo
14 do Código de Ética da Câmara, que determina que o representado recorra à CCJ
contra ato do colegiado dos seus membros que tenham contrariado alguma norma
regimental. O presidente da Casa pede a suspensão imediata da tramitação
do processo no Conselho até que a CCJ se pronuncie.
Cunha também
diz que teve o seu direito de defesa cerceado e pede a reabertura dos prazos
processuais no conselho, além do impedimento de todos os atos processuais
praticados pelo presidente do colegiado José Carlos Araújo (PSD-BA). Porém,
segundo Delgado, este tipo de recurso só tem previsão após a conclusão do
processo disciplinar. “Agora, no transcurso do processo, não existe
abrigo regimental para isso. Uma pessoa que é tão ciosa, conhece tanto o
regimento, não está se baseando em nenhum artigo do regimento para fazer tal
pedido”, disse.
De acordo com
o deputado, Cunha não pode reclamar que não teve tempo suficiente para se
defender das acusações que pesam contra ele no colegiado. “Quando ele fala que
está tendo cerceado o direito de defesa dele depois de 120 dias? Ele querer
fazer um recurso à CCJ depois de ter transcorrido 56 dias úteis legislativos
para a admissão do processo?”, questionou.
Embora Cunha
tenha apresentado recurso suspensivo à CCJ, a comissão sequer foi instalada, o
que só deverá ocorrer no final do mês, após o prazo final da chamada janela
partidária, dispositivo que permite aos deputados trocarem de legenda sem o
questionamento do mandato. Júlio Delgado disse que independente da instalação
das comissões, entre elas a CCJ, os prazos que Cunha tem no Conselho de Ética
vão continuar transcorrendo. Pelo cronograma, o presidente da Câmara, que foi
notificado ontem do processo, tem até o dia 21 para apresentar sua defesa por
escrito.
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