Os advogados
que cuidam da regularização contábil das diversas empresas dos publicitários
João Santana e Monica Moura, investigados na Operação Lava Jato, afirmaram ontem
(26) ter sido contratados para a tarefa no final de 2014. Segundo os defensores
do casal, por coincidência, isso ocorreu quando já estavam em curso as
investigações da Lava Jato.
“Coincidiram as coisas. No decorrer do trabalho [de regularização das empresas], iniciou-se a Lava Jato. E, no meio da Lava Jato, eles [Santana e Monica] acabaram fazendo a retificação das obrigações acessórias, das declarações de Imposto de Renda. Mas não há qualquer ligação entre essas retificações e a Operação Lava Jato em si”, disse um dos advogados do casal, o tributarista Igor Nascimento, em entrevista coletiva em São Paulo.
De acordo com
os advogados, a única empresa do casal com problemas é a Shellbill, que atua
somente em campanhas políticas no exterior e não tinha sido declarada às
autoridades brasileiras.
A Shellbill é investigada na Lava Jato por ter recebido dinheiro da Odebrecht, por meio de umaoffshore (empresa situada fora do país de domicílio dos proprietários, não sujeita às leis daquele país). No entanto, disseram os advogados, o dinheiro recebido pelo casal de publicitários é pagamentopelo trabalho realizado na campanha política de Angola, sem qualquer relação com campanhas eleitorais do Brasil.
O publicitário
João Santana trabalhou nas campanhas políticas do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, em 2006, e da presidenta Dilma Rousseff, em 2010 e 2014.
De acordo com os defensores, no momento em que procurou o Escritório Souza Schneider para fazer a regularização de suas firmas, o casal declarou a existência de duas empresas no país, a Polis, que trabalha principalmente com campanhas do PT, e a Santana, que atende a outros partidos, como o PSDB e o PMDB, e quatro no exterior: a Polis America, com sede no Panamá, a Polis Argentina, na Argentina, a Politespe Que, com sede em El Salvador, e a Polis Caribe, na República Dominicana.
No entanto, destacaram os advogados, somente no ano passado é que foram informados sobre a existência da Shellbill, com sede no Panamá, que só trabalhava em campanhas políticas estrangeiras.
"Autoridades sabiam"
O tributarista
Igor Nascimento admitiu alguns “equívocos” cometidos pelo casal em suas empresas,
mas ressaltou que isso está em processo de regularização. Segundo Nascimento,
todas as autoridades fiscais brasileiras, entre as quais o Banco Central,
tinham conhecimento dessas firmas, com exceção da Shellbill, que não tinha sido
declarada, porque o "casal não sabia que precisava declarar a empresa
estrangeira".
“As autoridades fiscais sabiam, sim." Igor Nascimento disse que todas essas empresas constavam da Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior. "Não existia declaração, de fato, no Imposto de Renda, e algumas, pelo seu valor, eles nem seriam obrigados a declarar. Mas todas estavam declaradas para as autoridades. As autoridades, tanto monetárias quanto fiscais, tinham conhecimento dessas empresas.”
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