O programa Brasilianas.org,
que vai ao ar hoje (2) às 23h na TV Brasil, discute o rebaixamento da nota
do Brasil por agências de classificação de risco. O programa recebe o diretor
do Centro de Políticas de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) do Rio de Janeiro, Samuel
Pessôa; o coordenador do curso de graduação da Escola de Economia da FGV São
Paulo, Nelson Marconi; e o especialista em economia internacional e professor
titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Antonio
Carlos Alves dos Santos.
Em agosto
deste ano, a Moody's anunciou o rebaixamento da nota de crédito do Brasil
de Baa2 para Baa3, com perspectiva estável, mas mantendo o grau de investimento
do país. No início de setembro, a Standard & Poor's reduziu a nota de
crédito do Brasil de BBB- para BB+ e, com isso, o país perdeu o grau de
investimento, conferido a países considerados bons pagadores e seguros para
investir. Um mês depois, a Fitch Ratings também rebaixou a nota do país de BBB
para BBB-, mantendo o país na categoria de bom pagador, mas apenas um nível
acima da categoria especulativa.
Para Pessôa,
as notas obtidas pelo Brasil são reflexo principalmente da situação interna do
país. “Hoje, nossa situação externa está muito confortável. Foi um campo em que
as últimas gestões olharam com cuidado e fizeram um bom trabalho. Nesse campo
externo não há grandes problemas. Estamos muito mal na solvência interna. A
dívida brasileira cresce muito rapidamente e a dívida interna deu uma minada na
nossa moeda. Esse foi o julgamento essencial para o julgamento delas [das
agências]. As agências julgam o todo, mas o todo não é uniforme”, disse.
Santos avaliou
que as agências estão mais rigorosas, principalmente após a crise financeira
mundial de 2008. “As agências estão preocupadas em recuperar a credibilidade
que elas perderam no comportamento equivocado durante a crise de 2008. O que se
percebe na gestão atual das agências é um rigor maior”.
De acordo com
o professor da PUC-SP, isso fez com que as agências passassem também a
considerar o elemento político em suas análises. “Se você tem um problema de
solvência fiscal, eles avaliam também se você tem a maioria, se você tem
coalizão política e condições de sustentar o equilíbrio fiscal e implementar
medidas. Me parece que a primeira redução da nota pela Moody's foi basicamente
isso”, disse.
Marconi
ressaltou que a questão política foi importante para a avaliação das agências
sobre o país. “No caso do Brasil, especificamente, elas estão vendo que a
questão fiscal está muito dependente de resolver o cenário político. Elas
aprenderam, com o tempo, que o cenário político é importante”. Marconi sugere
que o governo mexa ainda mais em sua gestão para melhorar suas contas. “O
governo ainda tem um volume grande de despesas e poderia ser mais eficiente na
gestão”.
Durante o
programa, os entrevistados falaram também sobre o cenário internacional e
ressaltaram que o rebaixamento da nota prejudica principalmente os
investimentos no país, podendo levar também ao aumento na taxa de juros e saída
de capitais do Brasil.
O programa Brasilianas.org tem
apresentação do jornalista Luís Nassif e vai ao ar todas as segundas-feiras, a
partir das 23 h, na TV Brasil.
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